Euro Digital: A Promessa do BCE para uma Economia Europeia Mais Forte

O euro digital, um projeto ambicioso do Banco Central Europeu (ECB), promete transformar os pagamentos na Europa. Liderado por Christine Lagarde, gera tanto entusiasmo quanto desconfiança. Entre a inovação financeira e as preocupações com as liberdades individuais, este projeto insere-se num contexto em que as criptomoedas redefinem as regras do dinheiro. Qual será o seu verdadeiro impacto na economia e nos cidadãos europeus?

Christine Lagarde e a promessa de um euro digital inclusivo e seguro

Christine Lagarde apresenta o euro digital como:

• Um símbolo de unidade e confiança;
• Um grande avanço para a Europa;
• Uma ferramenta concebida para reforçar a soberania financeira e facilitar as transações diárias.

Segundo ela, esta moeda digital permitirá pagamentos instantâneos, gratuitos e acessíveis a todos, mesmo sem ligação à internet. Tudo isto garantindo uma confidencialidade comparável aos sistemas atuais.

O projeto, orçado em 1,3 mil milhões de euros, visa um lançamento gradual até 2027. Lagarde enfatiza o seu caráter complementar ao dinheiro físico. De facto, oferece uma alternativa pública às soluções privadas, como cartões bancários ou carteiras eletrónicas. Para o ECB, o objetivo é responder às necessidades de uma economia cada vez mais digitalizada, preservando a estabilidade do sistema financeiro europeu.

Críticas ao euro digital: entre vigilância e centralização

O euro digital não é consensual, especialmente no ecossistema cripto. Os críticos apontam riscos de aumento da vigilância e do controlo estatal sobre as transações financeiras. Para eles, uma moeda digital emitida por um banco central opõe-se aos princípios de descentralização que sustentam o espírito das criptomoedas. Em França, vozes políticas levantam-se para denunciar este projeto. Éric Ciotti chegou mesmo a propor uma lei para proibir o euro digital, defendendo em vez disso a adoção do bitcoin como moeda alternativa.

Em França, Éric Ciotti propõe uma lei para proibir o euro digital.

Na Alemanha, partidos como o AfD apelam ao reconhecimento do bitcoin como prioridade nacional, argumentando que o euro digital pode conduzir a um sistema financeiro demasiado intrusivo. Estas críticas refletem uma crescente desconfiança em relação às instituições centrais e à sua capacidade de garantir a privacidade.

A UE bloqueia a stablecoin russa A7A5: uma estratégia para impor a sua CBDC?

No final de outubro de 2025, a União Europeia proibiu a stablecoin russa A7A5, acusada de contornar sanções e financiar a guerra na Ucrânia. Esta stablecoin, lastreada pelo rublo, permitia à Rússia manter trocas financeiras apesar dos embargos. Ao proibi-la, a UE demonstra a sua intenção de controlar os fluxos monetários no seu território e limitar a influência de moedas digitais estrangeiras.

Esta decisão levanta questões: estará a UE a tentar eliminar a concorrência para facilitar a adoção da sua própria CBDC? Neste contexto, o bitcoin surge como uma solução neutra e resistente à censura. Enquanto os Estados desenvolvem as suas moedas digitais soberanas, o BTC permanece o único ativo totalmente descentralizado, preferido por quem rejeita um sistema financeiro controlado por bancos centrais. Uma resistência simbólica, mas também prática, num cenário em que as criptomoedas redesenham as fronteiras das finanças.

O euro digital cristaliza esperanças de uma Europa financeira moderna segundo Christine Lagarde, mas também receios de um sistema demasiado controlado. Entre inovação e preservação das liberdades, o debate mantém-se intenso. À medida que Estados e bancos centrais movem as suas peças, as criptomoedas, e em particular o bitcoin, continuam a representar uma alternativa descentralizada. Será possível encontrar o equilíbrio entre regulação e liberdade financeira?