Cazaquistão lança fundo cripto de bilhões de dólares com ativos apreendidos

O Cazaquistão já não quer ser apenas um espectador. Muito atrás dos pioneiros das criptomoedas, este país da Ásia Central está a acelerar o passo. Com determinação, está a construir uma nova estratégia financeira. A sua arma: cripto. Não para especular, mas para criar um fundo soberano. Uma forma de transformar ativos confiscados em ferramentas de crescimento. O objetivo é claro: modernizar a economia e reduzir a dependência do petróleo.

Fundo cripto do Cazaquistão: quando a ilegalidade se torna uma alavanca estatal

O Cazaquistão está a agir com força. Um fundo nacional de cripto, entre 500 milhões e 1 mil milhões de dólares, será estabelecido até 2026. O Estado não pretende acumular bitcoins como reservas. O objetivo é investir através de ETFs de cripto e ações de empresas do setor. A ideia: garantir exposição sem sofrer choques de mercado.

Este fundo será alimentado por ativos confiscados — incluindo 16,7 milhões de dólares apenas em 2024 — e receitas estatais de mineração. Uma reapropriação inteligente, enquanto o país já encerrou 130 plataformas ilegais e 81 redes de branqueamento de capitais.

O fundo será gerido sob a égide do AIFC, o centro financeiro nacional. Uma estrutura já conhecida por atrair gigantes da blockchain e sustentar a regulação local. Ao escolher este caminho, o Cazaquistão quer transformar uma zona cinzenta numa alavanca estratégica. O Estado já não joga à defesa; avança as suas peças.

Do ouro negro ao ouro digital: uma visão pós-petróleo

Durante anos, o Cazaquistão viveu ao ritmo do barril. Mas agora é tempo de uma viragem digital. Para escapar à dependência do petróleo, o país aposta agora no mercado cripto. Os responsáveis do banco central veem-no até como um futuro pilar das reservas nacionais.

Isso não significa avançar de cabeça. O fundo evita a posse direta de cripto. Prefere veículos regulados e auditados. Uma lógica inspirada nos grandes fundos soberanos do Norte, com um toque cazaque por cima.

E não é um simples copiar e colar. O Cazaquistão quer atrair parceiros estrangeiros. Graças ao AIFC, combina modernidade e rigor regulatório. Resultado: uma imagem de fortaleza cripto na Ásia Central.

Por trás desta estratégia está uma ambição clara: posicionar-se como um interveniente credível, onde outros ainda tateiam.

Web3, regulação e ambições: as verdadeiras cartas do cripto cazaque

O fundo estatal é apenas uma fração de uma estratégia muito mais ampla. Em 2025, o país lançou o CryptoCity, um laboratório em grande escala onde pagamentos em cripto são testados na zona de Alatau. Objetivo: simular a economia do amanhã.

O Cazaquistão não fica por aqui. Criou a Solana Economic Zone, a primeira zona Web3 da Ásia Central. Uma iniciativa feita à medida para startups de blockchain, apoiada por programas educativos em Rust e cibersegurança.

Entretanto, a regulação está a intensificar-se. Monitorização de ATMs, bloqueio de 3.500 sites ilegais e desmantelamento de redes mafiosas: o país combina inovação e controlo com método.

Em números, a viragem cripto do Cazaquistão

• 1 mil milhões $: objetivo máximo do fundo estatal de cripto até 2026;
• 16,7 milhões $: cripto confiscada em 2024 pela Agência de Supervisão;
• CryptoCity: cidade-piloto onde pagamentos em cripto são testados em 2025;
• Solana Zone: primeira zona Web3 oficial da região;
• 3.600 empresas de fachada: dissolvidas por branqueamento de capitais nos últimos 3 anos.

Transformar o ilegal em inovação é a aposta ousada do Cazaquistão. E não fica por aqui: o seu banco central já deu mais um passo. Está a trabalhar no lançamento de uma stablecoin nacional apoiada pela blockchain Solana, lançando as bases para um futuro sistema monetário digital. Mais do que recuperar o atraso, é uma verdadeira ascensão.