Base co-fundador lança token, desta vez é confiável?

Hoje, o cofundador da Base, Jesse Pollak, anunciou que irá lançar seu próprio token de criador, o jesse, no Base App. O lançamento está marcado para 20 de novembro às 9:00 PST (21 de novembro, 1:00 no horário de Pequim), e o token jesse será emitido pela conta jesse.base.eth no Base App.

Graças a esta notícia, a Zora, que oferece suporte aos tokens de criadores no Base App, subiu cerca de 8% no dia.

Por que Jesse quer lançar seu próprio token? Segundo ele mesmo no X, “os content coins acompanham a atenção de curto prazo, enquanto os creator coins acompanham o valor de conteúdo a longo prazo. A combinação dos dois cria um efeito flywheel, devolvendo propriedade, controle e receita aos criadores e seus fãs. Com o $jesse, meu efeito flywheel estará completo.”

Na prática, isso se assemelha muito a uma autopromoção do Base App. O Base App é como o “Alipay” próprio da Coinbase: é tanto o hub de aplicações da rede Base quanto uma rede social com mecanismos de economia de criadores, permitindo negociação e transferência de tokens, e até mesmo um “Yu’e Bao” — o USDC no Base App pode render até 3,85% ao ano.

Ironia à parte, a explicação de Jesse para o lançamento do seu token pessoal foi uma resposta a este post:

“Da última vez que comprei um token que você promoveu, ele foi a zero em poucas horas.”

No universo cripto, Jesse não deixou uma boa impressão entre os investidores de varejo, sendo conhecido por “dar calls e logo esquecer”. No entanto, do ponto de vista de um cofundador da Base tentando atrair atenção para sua própria blockchain, suas ações são compreensíveis.

Em 17 de abril, o perfil oficial da Base postou “Base is for everyone” com uma imagem, e deixou um link para um token lançado na Zora nos comentários.

O valor de mercado desse token disparou para 17 milhões de dólares instantaneamente, mas caiu 90% em cinco minutos. Em resposta, um porta-voz da Base disse ao The Block por e-mail que a Base não lançou o “Base is for everyone”, pois foi cunhado automaticamente pela plataforma Zora, e a Base apenas fez um post na plataforma. O token não é oficial da Base, nem foi vendido pela Base.

Na verdade, cerca de uma hora antes desse post oficial, Jesse já havia transformado um tweet seu sobre a diferença entre content coins e meme coins em um token na Zora. Naqueles dias, ele compartilhou intensamente suas opiniões sobre content coins, e uma semana depois, a Zora lançou um token.

Um episódio curioso é que, na época, o fundador da pump.fun, alon, criticou a tokenização de qualquer conteúdo, dizendo que isso prejudica o mercado, especialmente para pessoas influentes, pois lançar um token implica responsabilidade — uma regra tácita, mas respeitada, on-chain.

Hoje, alon, antes visto como um justiceiro, é cobrado diariamente sobre “cadê o airdrop?”, enquanto Jesse finalmente aparece para lançar um token assumindo responsabilidade. O mundo cripto é mesmo peculiar.

Além de lançar vários content coins relacionados aos seus tweets na Zora, Jesse também compra tokens, por exemplo:

- Em 18 de julho de 2024, gastou 0,3 ETH para comprar o meme coin MIGGLES do ecossistema Base, cujo valor de mercado chegou a cerca de 120 milhões de dólares, atualmente avaliado em cerca de 8,8 milhões de dólares.

- Em 21 de novembro de 2024, gastou 0,333 ETH para comprar o meme token ANON, do ecossistema Base, lançado pelo clanker AI no farcaster, cujo valor de mercado chegou a cerca de 65 milhões de dólares, atualmente avaliado em cerca de 970 mil dólares.

Isso pode ser visto como apoio aos tokens do próprio ecossistema. Recentemente, para atrair meme coins do Solana para o Base, ele não só teve uma “performance abstrata” com a Chillhouse, como também comprou alguns meme coins no Solana pessoalmente.

Portanto, voltando ao lançamento do token pessoal de Jesse, as visões que ele descreve não devem ser aceitas cegamente pelos investidores de varejo. Como ele mesmo respondeu ao comentário de alon, tudo isso é uma “tentativa de fazer o bolo crescer, de experimentar coisas novas”. Por um lado, como líder da Base, esse discurso faz sentido; por outro, mostra sua mentalidade em relação ao lançamento de tokens: “já que é uma tentativa, pode falhar”.

Para o investidor de varejo, isso pode soar insensível, mas não deixa de ter lógica: mesmo em mercados de ações mais maduros, sempre há um aviso de “o mercado de ações envolve riscos, invista com cautela” na porta de entrada, e nenhuma empresa se compromete a sempre valorizar suas ações apenas para agradar o pequeno investidor. Muitos dizem que vários meme coins são “armadilhas”, mas se assim for, todos são, pois sempre há algum propósito por trás das movimentações de preço.

Talvez isso seja uma diferença entre culturas, ou mais precisamente, entre os interesses dos investidores de varejo e dos projetos. Para muitos veteranos estrangeiros do cripto, lançar um token não tem um objetivo grandioso nem um peso moral tão grande: se der certo, foi sorte ou competência; se fracassar, fracassou, e a vida segue. Mesmo devs ou figuras conhecidas que querem fazer algo bom não necessariamente entendem mais do mercado de meme coins do que os investidores comuns.

Por exemplo, recentemente, o meme coin de privacidade mec no Solana, criado como uma piada em uma live pelo CEO da Helius, @0xMert_, e lançado por @kaiynne, fundador da Synthetix e Infinex. Na época, @kaiynne disse que mec, seu terceiro meme coin, era sua “obra de redenção”. Mas tudo o que pôde fazer foi usar a receita de criador para recomprar o token — e só.

Confiar que celebridades vão sempre sustentar o preço de um token para proteger sua reputação é irreal.

Será que Jesse vai levar a sério desta vez? Talvez, e o token pode até disparar logo após o lançamento, mas não se deve basear grandes investimentos nessa esperança. Uma estratégia mais equilibrada seria experimentar o Base App, comprar uma pequena quantidade como interação para tentar um possível airdrop futuro do Base, e manter expectativas baixas para esse novo token.