A inflação ao consumidor central em Tóquio desacelerou em agosto, mas permaneceu acima da meta de 2% do Bank of Japan, mostraram dados divulgados na sexta-feira, sustentando as expectativas do mercado para uma possível retomada dos aumentos das taxas de juros.
Enquanto isso, a produção industrial caiu em julho e as vendas no varejo cresceram muito menos do que o esperado, destacando a fragilidade da recuperação econômica do Japão à medida que a pressão das tarifas dos EUA aumentava.
Analistas afirmam que as pressões inflacionárias persistentes, juntamente com os crescentes riscos de crescimento, ressaltam o desafio enfrentado pelo Bank of Japan (BOJ) ao decidir quando avançar com o próximo aumento da taxa de juros.
“A inflação ao consumidor central provavelmente desacelerará como tendência, à medida que a valorização do iene e o aumento moderado dos custos de importação pesam sobre os preços”, disse Masato Koike, economista sênior do Sompo Institute Plus.
Ele observou que, embora reduzidas pelo acordo comercial do Japão com Washington, as tarifas dos EUA permanecem altas em comparação com os níveis do ano passado e, portanto, continuarão prejudicando a produção por algum tempo.
Subsídios de utilidade pública desaceleram a inflação em Tóquio, mas preços centrais permanecem elevados
O índice de preços ao consumidor central (CPI) de Tóquio aumentou 2,5% em agosto na comparação anual. Esse índice exclui alimentos frescos voláteis, mas inclui custos de combustível, segundo dados do governo, em linha com a previsão mediana do mercado. O CPI ficou fraco após uma alta de 2,9% em julho, principalmente devido aos subsídios governamentais para combustíveis que reduziram as contas de serviços públicos.
Um índice que exclui tanto alimentos frescos voláteis quanto custos de energia — acompanhado de perto pelo BOJ como uma medida-chave da inflação subjacente — subiu 3,0% em agosto em relação ao ano anterior, após um aumento de 3,1% em julho.
A inflação dos alimentos, excluindo produtos frescos como vegetais, manteve-se em 7,4% em agosto, inalterada em relação ao mês anterior, ressaltando a pressão persistente dos preços mais altos de itens básicos como arroz, grãos de café e outros mantimentos.
No geral, os preços dos bens subiram 3,2% ano a ano, enquanto os custos dos serviços aumentaram 2,0%, refletindo a contínua transferência do aumento das despesas trabalhistas, segundo dados do governo.
Produção industrial cai enquanto tarifas dos EUA pesam sobre a recuperação do Japão
O Bank of Japan (BOJ) encerrou seu estímulo ultra-flexível de uma década no ano passado. Elevou as taxas de juros de curto prazo para 0,5% em janeiro, sinalizando confiança de que a economia estava próxima de alcançar de forma duradoura sua meta de inflação de 2%.
Ainda assim, embora a inflação tenha permanecido acima de 2% por mais de três anos, o presidente do BOJ, Kazuo Ueda, enfatizou uma abordagem cautelosa para um aperto adicional, alertando para riscos negativos ao crescimento devido ao impacto das tarifas dos EUA.
Destacando essas preocupações, dados do governo divulgados na sexta-feira mostraram que a produção industrial do Japão caiu 1,6% em julho em relação ao mês anterior, uma queda mais acentuada do que a previsão mediana do mercado de 1,0%, impulsionada pela fraqueza nos setores automobilístico e de máquinas.
Os fabricantes pesquisados pelo governo esperam que a produção aumente 2,8% em agosto e caia 0,3% em setembro, mostraram os dados.
Outros dados trouxeram mais más notícias, com as vendas no varejo praticamente estáveis, subindo apenas 0,3% em julho, muito abaixo das previsões do mercado de um aumento de 1,8%, indicando que o aumento do custo de vida estava prejudicando o consumo.
Com o mercado de trabalho mais restrito, a pressão sobre os salários está aumentando. Dados do governo mostraram na sexta-feira que a taxa de desemprego caiu para 2,3% em relação a 2,5% em junho, o menor nível desde dezembro de 2019. Cerca de 65% dos economistas consultados pela Reuters em agosto preveem que o BOJ elevará sua taxa básica em mais 25 pontos-base ou mais ainda este ano, em comparação com pouco mais da metade há um mês.
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