Como as criptomoedas estão revolucionando o mercado financeiro e perspectivas para o futuro

O mais surpreendente de tudo é a fusão entre ações meme e criptomoedas especulativas.

Escrito por: Yueqi Yang

Tradução: Block unicorn

Introdução

Nos últimos quatro meses, as criptomoedas invadiram o sistema financeiro tradicional, penetrando nos bancos e no mercado de ações mais profundamente do que nunca. Essas mudanças vertiginosas criaram bilhões de dólares em lucros para o setor, ao mesmo tempo em que trouxeram mais riscos para investidores e reguladores.

As mudanças aconteceram tão rapidamente que é difícil acompanhar. Revisamos os últimos meses para ajudar os leitores a entender as quatro principais tendências que impulsionam o boom das criptomoedas. Também vamos te contar o que observar no restante do ano. As stablecoins vão prosperar ou colapsar? Haverá mais negociações de criptomoedas no mercado de ações? As ações serão negociadas em exchanges de criptomoedas? Os bons tempos vão continuar?

O maior fator por trás dessas quatro tendências é o apoio do presidente Donald Trump às criptomoedas. Ele transformou os reguladores de adversários em aliados das criptomoedas e impulsionou o Congresso a aprovar a primeira legislação sobre criptomoedas da história.

O resultado foi um crescimento explosivo de produtos, negociações e estratégias de criptomoedas. Essa mudança provocou fortes reações no mercado de ações, setor bancário e indústria de fintech. Veja o que aconteceu especificamente.

Legislação das Stablecoins

Revisão dos eventos: Em julho deste ano, o presidente Trump assinou uma legislação sobre stablecoins. Stablecoins são moedas baseadas em blockchain usadas como dinheiro no mercado de criptomoedas. Elas são a categoria de criptomoedas mais intimamente ligada ao sistema financeiro tradicional. Esses tokens são atrelados ao dólar americano na proporção de um para um, mantendo o preço por meio de ativos líquidos como dinheiro e títulos do Tesouro de curto prazo. São semelhantes a fundos do mercado monetário, mas normalmente não pagam juros aos investidores. Hoje, traders de criptomoedas usam principalmente stablecoins para armazenar fundos como garantia em blockchain ou para pagamentos internacionais.

Importância: A nova lei legaliza as stablecoins e promete impulsionar seu uso. Isso chamou a atenção de bancos, fintechs e empresas de pagamentos, que estão explorando se as stablecoins podem tornar as transações mais rápidas e baratas do que transferências bancárias tradicionais. Em mercados emergentes, pessoas físicas e empresas já usam stablecoins lastreadas em dólar para se proteger da inflação, lidar com a volatilidade das moedas locais e receber remessas de familiares que trabalham no exterior.

As novas regras podem aumentar a demanda por títulos do Tesouro que lastreiam as stablecoins. O aumento do uso de stablecoins pode reduzir os depósitos de investidores nos bancos, o que pode diminuir os fundos disponíveis para empréstimos bancários.

O que vem a seguir: Nos próximos meses, reguladores vão negociar os detalhes da regulamentação das stablecoins em meio a intenso lobby das indústrias de criptomoedas e financeira. Um ponto de controvérsia é se as plataformas de criptomoedas podem pagar rendimentos aos investidores que possuem stablecoins. Grupos do setor bancário se opõem, dizendo que isso ameaça os depósitos bancários; já grupos de criptomoedas apoiam, alegando que precisam oferecer produtos competitivos.

Outro projeto de lei sobre criptomoedas, chamado “Lei da Clareza”, será apresentado ao Congresso, estabelecendo uma estrutura regulatória para criptomoedas e podendo impactar as regras das stablecoins.

Explosão de Novas Stablecoins

Revisão dos eventos: Até recentemente, só havia dois grandes stablecoins: USDT da Tether, com circulação de 17.1 bilhões de dólares, e USDC da Circle, com valor de 7.4 bilhões de dólares. Agora, surgiram mais stablecoins e outras estão em desenvolvimento. Startups, bancos e fintechs estão lançando suas próprias stablecoins lastreadas em dólar ou integrando-se a stablecoins já existentes.

A gigante de pagamentos Stripe anunciou que lançará um blockchain chamado Tempo, focado em transações de stablecoins em áreas como folha de pagamento e remessas. Bancos como BNY e Morgan Stanley oferecem serviços de gestão de ativos que lastreiam stablecoins, enquanto JPMorgan oferece tokens de depósito que representam depósitos bancários dos usuários no blockchain.

Stablecoins são principalmente emitidas por exchanges de criptomoedas, o que lhes dá o poder de escolher vencedores e perdedores. Recentemente, a promissora exchange de criptomoedas Hyperliquid iniciou um processo de licitação e permitiu que os usuários votassem no emissor de stablecoin, causando agitação no setor. Isso também desencadeou uma corrida para o fundo, que pode eliminar os lucros dos provedores de stablecoins.

Importância: A ampla aceitação das stablecoins significa que esses tokens podem ser usados para pagamentos a comerciantes e fornecedores, gestão de fundos de multinacionais e liquidação entre bancos. Instituições de crédito menores, como o Cross River Bank, estão considerando aceitar stablecoins diretamente de seus clientes fintech.

A explosão das stablecoins aumenta o risco de volatilidade das criptomoedas se espalhar para o sistema financeiro tradicional. Se uma stablecoin colapsar, pode causar perda de confiança dos investidores e venda de outras stablecoins. Isso pode levar à venda de títulos do Tesouro dos EUA, que sustentam o mercado e a economia americana.

O que vem a seguir: Tether e Circle enfrentam pressão de novos concorrentes para manter sua liderança de mercado. A Tether está lançando um token americano em conformidade com a nova legislação de stablecoins. Os detalhes das regras das stablecoins e os termos de cooperação entre plataformas e emissores determinarão se o setor permanecerá lucrativo ou se tornará um negócio comoditizado onde apenas as maiores empresas lucram.

IPO de Criptomoedas

Revisão dos eventos: Empresas de criptomoedas estão abrindo capital e obtendo grandes ganhos. Emissores de stablecoins como Circle, credores em blockchain como Figure, e plataformas de criptomoedas como Gemini e Bullish tiveram grandes altas no primeiro dia de negociação.

Advogados dizem que parte disso se deve à postura favorável da Securities and Exchange Commission dos EUA sob a liderança de Trump em relação às criptomoedas, agora dando sinal verde para empresas de criptomoedas que buscam IPO.

Importância: O entusiasmo do mercado aberto por essas empresas surpreendeu até mesmo os profissionais do setor de criptomoedas. As ações da Circle dispararam 358% em relação ao preço do IPO em junho. Mesmo exchanges relativamente pequenas e ainda não lucrativas, como a Gemini, viram suas ações subirem, embora depois tenham caído abaixo do preço do IPO.

Muitas dessas empresas estão, na verdade, apostando no volume de negociações de criptomoedas, que é altamente volátil, transferindo parte do risco do setor para as bolsas de valores. Menos de três anos atrás, o colapso da exchange de criptomoedas FTX parecia ter sido esquecido pelos investidores.

O que vem a seguir: Mais IPOs estão a caminho. Exchanges de criptomoedas como Kraken e OKX, a empresa de custódia BitGo e a gestora de ativos Grayscale estão se preparando para abrir capital, algumas já neste ano.

Embora os IPOs levem empresas de criptomoedas para as bolsas de valores, o próximo objetivo do setor é negociar ações em exchanges de criptomoedas. O objetivo é colocar ações no blockchain por meio de tokens de criptomoedas, representando investimentos em ações como Tesla, Nvidia e Circle. Empresas como Robinhood, Kraken e Galaxy Digital estão trabalhando para popularizar ações tokenizadas, especialmente entre usuários de criptomoedas estrangeiros que talvez não tenham acesso ao mercado americano.

Ações invadem as criptomoedas

Revisão dos eventos: O mais surpreendente de tudo é a fusão entre ações meme e criptomoedas especulativas. Isso começou com a Strategy (anteriormente Microstrategy), uma fabricante de software listada em bolsa que comprou 7.5 bilhões de dólares em bitcoin, tornando-se um proxy de criptomoedas no mercado de ações.

Essa estratégia se espalhou para ações de menor capitalização, que competem para se tornar veículos para vários tokens, incluindo Ethereum, Solana, Dogecoin e o World Liberty token da família Trump.

Segundo dados da consultoria de criptomoedas Architect Partners, mais de 130 empresas listadas nos EUA anunciaram este ano planos para levantar mais de 13.7 bilhões de dólares para comprar criptomoedas.

Importância: Isso significa mais emissões de ações relacionadas a criptomoedas. Muitas são estruturadas por meio de transações privadas complexas. Essas ações geralmente sobem no início das negociações, permitindo que detentores de tokens de criptomoedas as vendam a preços altos para investidores do mercado de ações.

Isso não é necessariamente bom para os investidores. Entre as 35 dessas ações rastreadas pela Architect, o retorno médio desde o anúncio dos planos de compra de criptomoedas foi de -2,9%. No primeiro dia de negociação após o anúncio, essas ações caíram 20,6%.

O que vem a seguir: Muitas dessas ações de criptomoedas, especialmente a Strategy, têm valor de mercado muito acima do valor das criptomoedas que possuem, principalmente devido à busca dos investidores por meme coins. A demanda dos investidores permite que essas empresas levantem fundos de forma eficiente e comprem mais criptomoedas.

O valor de mercado das empresas em relação ao valor das criptomoedas que possuem começou a cair. Isso dificulta a captação de recursos e pode forçá-las a parar de comprar criptomoedas. Os fatores que impulsionaram a alta das ações podem começar a se inverter.

Enquanto isso, a Nasdaq está intensificando a fiscalização dessas emissões, em alguns casos exigindo aprovação dos acionistas.