Em dois dias, 700 milhões de posições vendidas foram liquidadas — será que o “Uptober” do Bitcoin está se confirmando com força?

No início de outubro, o mercado cripto já apresentou uma forte recuperação. Diversos indicadores-chave mostram que este mês, chamado de “Uptober” pelos investidores, parece estar cumprindo a tradição histórica de “alta garantida em outubro”.

Reversão do sentimento de mercado

Nos dois primeiros dias de outubro, o mercado cripto passou por uma liquidação massiva de posições vendidas. De acordo com dados da CoinGlass, mais de 700 milhões de dólares em posições vendidas foram liquidadas globalmente, incluindo uma ordem de venda de Ethereum de 11,61 milhões de dólares na Hyperliquid.

Esta onda de short squeeze atingiu praticamente todo o mercado, com as 100 maiores criptomoedas registrando alta. O valor total de mercado das criptomoedas subiu mais de 6% desde o final de setembro, ultrapassando 4,14 trilhões de dólares em 2 de outubro, atingindo o maior patamar desde meados de agosto.

Essa alta não só dissipou o clima de fraqueza de setembro, como também reacendeu as expectativas dos investidores para o desempenho do mercado até o fim do ano.

O Bitcoin (BTC), considerado o termômetro do mercado, liderou esta recuperação, com uma valorização de 10,3% nos últimos quatro dias, sendo cotado atualmente a 120.500 dólares, atingindo o maior valor em 40 dias.

Ao mesmo tempo, os fluxos para ETFs de Bitcoin atingiram o maior nível desde meados de setembro. Segundo dados da Farside Investors:

• Os ETFs de Bitcoin atraíram um fluxo líquido de 675,8 milhões de dólares na quarta-feira;

• Dentre eles, o fundo IBIT da BlackRock captou 405,5 milhões de dólares em um único dia;

• O fundo FBTC da Fidelity atraiu 179,3 milhões de dólares;

• O fundo BITB da Bitwise captou 59,4 milhões de dólares.

Vale destacar que este foi o terceiro dia consecutivo em que os ETFs de Bitcoin registraram entradas diárias superiores a 100 milhões de dólares. Apenas nos três primeiros dias desta semana, o fluxo acumulado já ultrapassou 1,6 bilhões de dólares, enquanto em 26 de setembro o mercado chegou a registrar uma saída diária de 418 milhões de dólares.

Expectativas de corte de juros aumentam, capital migra de “proteção” para “valorização”

Os dados mais recentes do emprego não-agrícola da ADP mostram que os Estados Unidos perderam 32.000 vagas em setembro, bem abaixo da expectativa do mercado de +52.000. O enfraquecimento do emprego é visto como sinal de desaceleração econômica, levando o mercado a esperar que o Federal Reserve corte novamente os juros na reunião do FOMC em 29 de outubro. Atualmente, a ferramenta CME FedWatch aponta uma probabilidade de 97,3% para um corte de 25 pontos-base nos juros em outubro.

Isso indica que o ambiente global de liquidez pode se tornar ainda mais flexível, e a combinação de “expectativa de corte de juros + queda nos rendimentos dos títulos do Tesouro dos EUA + enfraquecimento do dólar” cria o cenário perfeito para a valorização de ativos como Bitcoin e ouro.

Dovile Silenskyte, chefe de pesquisa de ativos digitais da WisdomTree, afirmou: “O Bitcoin possui tanto características de ‘ativo de proteção’ quanto potencial de ‘ativo de crescimento’, funcionando como o ouro na proteção contra a inflação e, ao mesmo tempo, apresentando potencial de valorização semelhante ao das ações de tecnologia.”

Dados on-chain: pressão de venda dos holders de longo prazo diminui, zona de fundo está se formando

De acordo com dados da Glassnode, o índice de valor realizado dos holders de curto prazo (STH-RVT) vem diminuindo continuamente desde maio, indicando um arrefecimento das operações especulativas de curto prazo e entrada do mercado em um “período saudável de acumulação”.

Ao mesmo tempo, a variação líquida da posição dos holders de longo prazo (LTH Net Position Change) entrou em uma zona neutra, sinalizando que a onda de realização de lucros em grande escala está chegando ao fim.

Esses dois dados apontam para uma conclusão: o Bitcoin está construindo um novo suporte estrutural na faixa entre 115.000 e 120.000 dólares, semelhante ao período de consolidação de março a abril deste ano.

Se a estrutura atual de oferta e demanda se mantiver estável, é muito provável que o mercado registre um movimento de alta significativo em meados de outubro.

JPMorgan faz previsão: Bitcoin pode chegar a 165.000 dólares

O relatório mais recente da JPMorgan aponta que o Bitcoin está atualmente subvalorizado em relação ao ouro.
Segundo o relatório, ajustando-se pela volatilidade, o Bitcoin teria um potencial de valorização de cerca de 42%; isso significa que seu preço teórico deveria estar em torno de 165.000 dólares; caso iguale o investimento em ETFs de ouro e ouro físico, o valor de mercado total do Bitcoin chegaria a aproximadamente 3,3 trilhões de dólares.

O autor do relatório, Nikolaos Panigirtzoglou, diretor-gerente da JPMorgan, destacou: “Desde o final de 2024, a diferença de avaliação passou de uma supervalorização de 36.000 dólares para uma subvalorização de 46.000 dólares para o Bitcoin.”

Em outras palavras, os investidores estão voltando a apostar na “Debasement Trade” — diante de déficits fiscais, inflação e riscos geopolíticos, eles direcionam capital para ativos escassos como ouro e Bitcoin. Se a tendência histórica se mantiver, outubro costuma ser a janela de alta mais consistente do ano. Com o alívio da pressão do lado da oferta, retorno de capital e mudanças de política, o Bitcoin pode estar se preparando para buscar uma nova faixa-alvo entre 160.000 e 200.000 dólares.

Autor: Bootly