Índia e Nigéria estão tomando grandes medidas em relação às criptomoedas, mas em direções diferentes

Funcionários do governo da Índia e da Nigéria fizeram declarações sobre criptomoedas hoje, mas seguiram direções surpreendentemente diferentes. Ambos reconheceram explicitamente prós e contras, mas seus discursos apresentam muitas diferenças-chave.

O Ministro do Comércio e Indústria da Índia focou nos aspectos negativos do Web3, embora tenha feito alusão a uma CBDC. Enquanto isso, a Nigéria está formando um Comitê para se envolver de forma lucrativa com essa indústria arriscada, porém lucrativa.

Perspectiva da Índia sobre Criptomoedas

À medida que a indústria Web3 continua crescendo, jurisdições ao redor do mundo são forçadas a lidar com as questões da regulação das criptomoedas.

Hoje, duas grandes economias regionais, Nigéria e Índia, viram altos funcionários do governo fazerem declarações sobre a regulação de criptomoedas, mas seguiram em duas direções diferentes.

Piyush Goyal, Ministro do Comércio e Indústria da Índia, fez algumas declarações durante negociações comerciais em Doha, capital do Catar. Ele afirmou que a Índia não tem incentivado a indústria de criptomoedas, aplicando impostos “muito pesados” aos seus usuários.

Aparentemente, ele fez alusão ao lançamento de uma CBDC indiana:

“A Índia também anunciou que lançaremos uma moeda digital, que será garantida pelo Reserve Bank of India. Não incentivamos [criptomoedas] porque não queremos que ninguém fique preso... com um [token] que não tem respaldo e ninguém por trás,” afirmou Goyal.

Não está muito claro o que ele quis dizer com isso. Estritamente falando, a Índia já possui sua própria criptomoeda, tendo lançado a rupia digital em 2022. No entanto, essa CBDC foi criticada por sua falta de apelo popular, alcançando uma circulação total de US$ 114,5 milhões após três anos.

Isso pode parecer impressionante, mas realmente não é para um país com mais de 1 bilhão de pessoas. Para colocar em perspectiva, a Índia é líder regional em termos de adoção de criptomoedas, com mais de US$ 300 bilhões em transações on-chain no ano passado. US$ 100 milhões é praticamente nada comparado a isso.

Goyal pode estar aludindo a ressuscitar a rupia digital, ou pode estar anunciando um novo projeto. De qualquer forma, suas declarações pareceram abertamente hostis.

Uma Perspectiva Otimista

A Nigéria, por sua vez, não é estranha a golpes de criptomoedas de destaque, mas o país ainda parece interessado em uma regulação amigável. Abbas Tajudeen, Presidente da Câmara da Nigéria, recentemente inaugurou um Comitê sobre criptomoedas.

Apesar de abordar temores sobre atividades criminosas, ele apontou para os benefícios econômicos da indústria:

“Fomos incumbidos de uma tarefa de importância nacional: revisar as implicações econômicas, regulatórias e de segurança das criptomoedas. Em todo o mundo, os sistemas financeiros estão sendo remodelados pela tecnologia. Na Nigéria, as operações de criptomoedas e POS cresceram rapidamente, criando novas oportunidades para o comércio, inclusão financeira e inovação,” disse Tajudeen.

Em outras palavras, embora Tajudeen tenha reconhecido os riscos, ele focou nos benefícios que as criptomoedas trouxeram para a Nigéria. Até agora, a indústria de criptomoedas do país é menos desenvolvida do que a da Índia, mas um engajamento positivo pode mudar esse paradigma.

Essa perspectiva “reservada, porém otimista” pode se mostrar mais frutífera do que uma participação relutante.

Isso só mostra que uma indústria Web3 bem-sucedida exige muito trabalho. Será interessante ver como Índia e Nigéria evoluem no espaço cripto, caso esses representantes do governo tenham influência na implementação de políticas.