Autor: David, TechFlow
O mercado de Uptober em outubro pertenceu tanto aos animados novos memes da Binance quanto a algumas moedas antigas que já estavam esquecidas há muito tempo.
No jargão do setor, essas moedas antigas são chamadas de “Dino Coin”, referindo-se àqueles tokens maduros que foram pioneiros em determinados setores, mas cujo entusiasmo inicial já diminuiu gradualmente.
Por exemplo, ZEC (Zcash), que subiu de cerca de US$ 53 no final de setembro para US$ 230 uma semana após o feriado nacional, um aumento mensal de mais de 370%. E o que impulsionou o ressurgimento das moedas antigas não foi a compra por instituições ou atualizações tecnológicas, mas sim um tweet.
Em 1º de outubro, o lendário investidor do Vale do Silício, Naval Ravikant, com 2,9 milhões de seguidores, lançou uma opinião altamente controversa na plataforma X: “Bitcoin é o seguro contra moedas fiduciárias, enquanto Zcash é o seguro contra o Bitcoin.”
Logo em seguida, ZEC disparou rapidamente, e outras moedas de privacidade também tiveram aumentos há muito não vistos devido ao efeito de contágio emocional. Com a alta, surgiram debates de especialistas, e a narrativa da privacidade, que estava adormecida há tempos, voltou a ser um tema quente recentemente.
Se você perdeu essa alta do ZEC, que tal revisitar conosco o início e o fim desse novo hype das moedas antigas, ver o real impacto da influência dos grandes nomes e quais oportunidades ainda podem surgir no setor de privacidade.
Interesses envolvidos, novo hype das moedas antigas
Naval Ravikant é um nome de peso no círculo de investimentos do Vale do Silício. Como cofundador da AngelList, ele criou essa plataforma de financiamento de startups avaliada em US$ 4 bilhões.
Seu histórico de investimentos pessoais também é impressionante, tendo investido cedo em mais de 200 empresas, incluindo Uber e Twitter.
No setor cripto, Naval também tem grande experiência. Em 2014, ele cofundou a MetaStable Capital, um dos primeiros fundos hedge de cripto. Segundo reportagens públicas, o fundo teve um retorno de 540% em 2017, com posições iniciais em Ethereum, Bitcoin e outros ativos cripto.
Em 1º de outubro, Naval tuitou dizendo que Zcash é o seguro contra o Bitcoin, e em tweets subsequentes argumentou que o Bitcoin carece de privacidade, apontando que o livro-razão público do Bitcoin faz com que “nem mesmo Satoshi Nakamoto possa usar Bitcoin” sem revelar sua identidade, e que governos/bancos podem rastrear todas as transações por meio de análise on-chain.
Já o Zcash pode servir como complemento ao Bitcoin, e não como concorrente, utilizando provas de conhecimento zero para ocultar remetente, destinatário e valor das transações.
O problema é que esses benefícios do Zcash não são novidade; isso parece mais um novo hype ocasional de uma moeda antiga por parte de um grande nome, já que a narrativa da privacidade estava fria há muito tempo.
Analisando a linha do tempo, o tweet de Naval coincide exatamente com a disparada do ZEC. No entanto, Naval talvez não seja totalmente neutro, pois há interesses não declarados envolvidos.
De acordo com várias reportagens públicas, já em 2015, Naval investiu US$ 715 mil em uma empresa chamada Zerocoin Electric Coin Company, que depois foi renomeada para Electric Coin Company, justamente a desenvolvedora do Zcash.
Além disso, Naval também foi membro do conselho da Zcash Foundation, tendo certa influência nas decisões de governança.
Por isso, esse novo hype de uma moeda antiga por um investidor desse porte também atraiu críticas da comunidade, que acredita que ele está usando sua influência para valorizar projetos de seu portfólio inicial, tornando difícil acreditar que se trata de uma discussão técnica neutra ou de uma recomendação de investimento.
Curiosamente, Naval permaneceu em silêncio diante dessas críticas, sem admitir nem negar.
Independentemente da controvérsia, a influência de Naval se refletiu diretamente no preço. Seu tweet teve 2,9 milhões de visualizações e desencadeou uma série de postagens de outros KOLs. Balaji Srinivasan (ex-CTO da a16z), Mert Mumtaz (CEO da Helius) e outros também apoiaram as moedas de privacidade, ampliando ainda mais o sentimento do mercado.
O resultado final foi que o ZEC subiu de US$ 53 no final de setembro para US$ 230, um aumento de mais de 300% desde o tweet de Naval.
Contágio emocional, reação em cadeia no setor de privacidade
O hype de Naval não só impulsionou o ZEC, mas nos últimos dias o sentimento já se espalhou por todo o setor de moedas de privacidade.
Railgun (RAIL) tornou-se o maior destaque. Essa moeda de privacidade relativamente pouco conhecida subiu 240% no mesmo período, de US$ 1,79 para um máximo de US$ 4,83. O volume de negociação em 24 horas aumentou 1270%.
Além do efeito de contágio do ZEC, Railgun também teve outros eventos catalisadores.
Em 9 de outubro, a Ethereum Foundation lançou o roteiro de privacidade Kohaku, mencionando especificamente a integração da tecnologia zk-multisig do Railgun, uma das funções de privacidade preferidas por Vitalik.
Além disso, outras moedas de privacidade também tiveram bons aumentos.
Durante a disparada do ZEC, a Grayscale também anunciou a reabertura da captação privada do seu Zcash Trust.
O Grayscale Trust é um canal regulado para que fundos tradicionais entrem no mercado de criptomoedas. Embora não seja tão popular quanto os trusts de Bitcoin e Ethereum, é muito significativo para o ZEC, sendo uma das poucas maneiras pelas quais fundos institucionais podem deter ZEC de forma regulada.
De acordo com dados do site oficial, o AUM (ativos sob gestão) do Zcash Trust já chega a cerca de US$ 85 milhões, e o preço por ação subiu 340% em seis meses.
Com todas essas notícias saindo ao mesmo tempo, o mercado voltou a se concentrar no setor de privacidade. Embora seja difícil calcular precisamente o fluxo de capital, o aumento do interesse nas redes sociais é bastante evidente.
Além dos tokens mencionados acima, há outros projetos que também podem se beneficiar desse impulso de curto prazo da narrativa de privacidade.
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Aster: Dark Pool e negociações privadas
A popularidade do Aster dispensa comentários, mas poucos prestam atenção ao seu modelo de dark pool.
Como um Perp DEX on-chain, um de seus destaques é a função "Hidden Orders" (ordens ocultas). Ela permite que o tamanho, preço e direção das ordens fiquem completamente invisíveis antes da execução, sendo confirmados on-chain apenas após a conclusão. Esse mecanismo, por meio de provas de conhecimento zero, protege os traders contra ataques MEV, frontrunning e liquidações direcionadas.
Com o hype dos memes da Binance e a narrativa de privacidade, o $ASTER ainda pode merecer atenção.
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Umbra: privacidade auditável
O valor central do Umbra é fornecer “modo invisível” para Solana: por meio de criptografia no dispositivo e tecnologia de computação multipartidária (MPC) da Arcium, os usuários podem fazer transferências privadas sem sacrificar a verificabilidade e velocidade do blockchain.
Diferente do Monero, totalmente anônimo, o Umbra possui um framework de compliance embutido, criando links criptografados entre carteiras privadas e públicas por meio de um programa de auditoria, divulgando informações apenas sob ordem judicial. Essa privacidade auditável atende à demanda dos usuários por privacidade financeira sem correr o risco regulatório do tipo Tornado Cash.
Atualmente, os projetos de privacidade em Solana estão em estágio inicial em comparação ao Ethereum. Solana é conhecida por sua velocidade e desempenho, e para avançar em privacidade, precisará do suporte de projetos de destaque.
Segundo informações públicas, o Umbra será lançado na mainnet no primeiro trimestre de 2026. Se o progresso for bom, pode atrair traders profissionais que precisam evitar frontrunning, usuários que exigem confidencialidade bancária e instituições que buscam ferramentas de privacidade compatíveis.
Vale destacar que a MetaDAO, plataforma de financiamento do Umbra, teve um aumento de cerca de 191% no token META nos últimos 30 dias, o que está relacionado ao mecanismo de launchpad, mas não será detalhado aqui por questão de espaço.
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Roteiro Kohaku da Ethereum Foundation: privacidade do periférico ao núcleo
Em 8 de outubro, a Ethereum Foundation lançou oficialmente o roteiro de privacidade Kohaku, a primeira vez na história do Ethereum que a privacidade deixa de ser um “recurso opcional” para se tornar um “compromisso de protocolo”. Kohaku é um SDK modular e open source que fornece primitivas de privacidade para carteiras, facilitando a integração de funções criptográficas avançadas pelos desenvolvedores. Essa iniciativa tem o endosso pessoal de Vitalik Buterin e conta com uma equipe Privacy Cluster de 47 pessoas para coordenar o trabalho entre organizações.
As funções principais incluem:
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Light client: verificação no navegador, evitando que o nó RPC de confiança vaze o endereço IP
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Fluxo de transações privadas: integração de protocolos baseados em zk como Railgun, permitindo envio/recebimento confidencial
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Recuperação social: uso de ferramentas como ZK Email e ZKpassport para recuperar carteiras sem expor a chave privada
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Conta única para dApp: isola o histórico de transações entre diferentes aplicativos, evitando análise de correlação
Não se trata de reinventar a roda, mas de integrar soluções de privacidade já maduras (como Railgun, Elusiv) em um SDK unificado, reduzindo a barreira de desenvolvimento. O Ethereum planeja apresentar o protótipo inicial na Devcon de novembro de 2025 e, em 2026, promover a abstração de contas nativas (AA), tornando a privacidade uma “opção padrão” e não um recurso avançado.
O roteiro Kohaku menciona especialmente a função zk-multisig do Railgun. Como “motor de privacidade oficialmente reconhecido”, o Railgun terá integração mais ampla com carteiras via Kohaku SDK, sendo esse um dos principais catalisadores para a alta de 270% do token RAIL em 9 de outubro.
De forma mais ampla, Kohaku representa uma mudança fundamental na postura do Ethereum em relação à privacidade, podendo desencadear uma onda de especulação de curto prazo nos tokens de privacidade do Ethereum.
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Aztec mainnet prestes a ser lançada: a narrativa da privacidade L2 e descentralização
Aztec Network é um rollup L2 de conhecimento zero focado em privacidade, baseado no Ethereum, que levantou US$ 119,1 milhões (liderado por a16z e Paradigm), focado em “privacidade programável”, permitindo que desenvolvedores criem aplicativos onde usuários controlam a divulgação de dados.
Em 17 de setembro de 2025, a Aztec implementou a atualização 2.0.3, com todas as funções necessárias para a mainnet já prontas.
A principal diferença do Aztec em relação a outras soluções de privacidade é a “privacidade computacional”: não apenas oculta valores e endereços das transações, mas também toda a lógica de execução dos contratos, facilitando a adoção por empresas.
Por exemplo, ativos tokenizados (RWA) podem ser liquidados on-chain sem expor estratégias de negociação, atendendo aos requisitos de KYC/AML por meio de divulgação seletiva.
O roteiro do Aztec prevê o lançamento do Alpha da mainnet no final de 2025, com sequenciadores e validadores totalmente descentralizados, sem período de transição para descentralização progressiva.
Isso contrasta com a maioria dos L2, como o Optimism, que inicialmente ainda possui sequenciadores centralizados, e outros L2 também fazem concessões quanto à centralização dos sequenciadores.
Embora infraestrutura não seja uma nova narrativa e o mercado cripto como um todo talvez não precise de novos L1/L2, um diferencial em um setor antigo ainda pode atrair parte da atenção e do capital.
No geral, a maioria desses projetos ainda está em estágio inicial, mas o setor de privacidade está realmente passando de uma demanda marginal para uma opção essencial na infraestrutura on-chain mainstream, e oportunidades pontuais podem surgir nessa transformação silenciosa.
