Web3 caminha para o cotidiano, começando pela conquista das redes sociais

Quando as pessoas falam sobre a “entrada do Web3 na vida cotidiana”, geralmente pensam em grandes temas como pagamentos, identidade e soberania de dados. No entanto, o verdadeiro ponto de partida costuma ser mais sutil e humano — a transformação cotidiana só começa de fato quando as pessoas começam a falar, interagir e até brincar nas redes sociais usando a linguagem e os modos do Web3.

Olhando para a trajetória de comunicação do setor cripto nos últimos anos, quase todos os consensos e símbolos culturais mainstream cresceram a partir das plataformas sociais. De “wagmi”, “gm”, a “to the moon”, “rekt” e agora “Binance Life”, todos se espalharam nas conversas online, sendo carregados de emoções e identificação através da disseminação de memes. As redes sociais são a porta de entrada do Web3, não apenas um papel coadjuvante.

Por que ocupar as redes sociais é sempre o começo

No ecossistema Web3, a infraestrutura é importante, mas ninguém vai “trazer o Web3 para a vida” de repente apenas por causa de um protocolo, um SDK ou alguma tecnologia Layer2 — a infraestrutura resolve funções, a comunicação social resolve a percepção. O caminho de expansão do Web3 é semelhante a qualquer tendência cultural ou de consumo: da atenção ao engajamento, até os cenários de aplicação, sendo que a atenção é sempre o primeiro ponto a ser aceso. Seja no DeFi Summer, no boom dos NFTs ou na febre dos memecoins, quase tudo começa gerando tópicos nas redes sociais, atraindo usuários para se aprofundarem nos produtos e no ecossistema. A instantaneidade, memetização e disseminação descentralizada das plataformas sociais combinam perfeitamente com o espírito do Web3: um tweet, um meme, um avatar podem criar uma linguagem comum para a comunidade, moldando consensos e rompendo bolhas de forma muito mais eficiente do que um whitepaper técnico. Em outras palavras, ocupar as redes sociais não é porque é “leve”, mas porque é rápido, amplo e suficientemente “suave”, permitindo que a cultura Web3 penetre no cotidiano sem ficar presa às barreiras técnicas do blockchain.

“Binance Life”: de sátira a fenômeno de meme com ressonância

“Binance Life” não é apenas uma piada, mas rapidamente evoluiu para um fenômeno cultural em toda a comunidade cripto. Ela se origina do contexto chinês online “Apple Life” — uma sátira sobre identidade e classe social — e, ao migrar para o mundo cripto, aproveitou o tamanho e a influência do ecossistema Binance para ganhar novo significado: é tanto um símbolo do mito da riqueza quanto um conjunto de volatilidade de mercado e autodepreciação. Diferente dos memes tradicionais do Web3, o sucesso de “Binance Life” não ficou apenas na camada social, mas veio acompanhado de uma explosão real nos preços dos tokens e ativos do ecossistema: desde seu lançamento em 4 de outubro, o meme token homônimo disparou de US$ 0,001 para acima de US$ 0,5 em poucos dias, com valor de mercado ultrapassando US$ 500 milhões, e o efeito de riqueza se espalhando explosivamente. Assim, o bordão originalmente irônico se tornou um slogan de celebração e âncora emocional para investidores. A interação direta dos fundadores da Binance, Changpeng Zhao e He Yi, elevou ainda mais o hype: curtidas, retweets e piadas como “Dogecoin cresceu graças à cultura de gorjetas” mudaram a narrativa da comunidade de “brincar com memes” para “criar memes”. Com forte interação, capital e emoções fluíram rapidamente para a BNB Chain, impulsionando projetos como “Binance Wallet”, “Binance Square”, “Binance Community” e outros memes derivados, formando um efeito de transbordamento rápido do centro para a periferia.

Fonte: X

Portanto, “Binance Life” já não é apenas uma piada ou um slogan, mas um ponto de convergência entre símbolo de identidade e narrativa de riqueza, combinando a simbologia do ecossistema Binance com uma mobilização emocional replicável de forma mais próxima do cotidiano. Seu mecanismo de disseminação quase replica perfeitamente o ciclo autorreferencial da cultura cripto: nascimento do meme — ressonância emocional — impulsionamento por KOLs — valorização dos ativos — nova memetização, retroalimentando os tópicos sociais e o desempenho dos ativos, formando um ciclo fechado. Quando as pessoas postam, comentam e editam vídeos no X imitando o tom de “Binance Life”, não estão apenas se divertindo ou buscando engajamento, mas expressando uma identidade — tanto dentro do ecossistema Binance quanto no fluxo cultural do Web3. Essa é a parte mais penetrante da cultura meme: ela não depende de publicidade tradicional, mas da autoexpressão e recriação dos usuários para se espalhar em escala. O sucesso de “Binance Life” significa que a cultura Web3 está voltando do discurso técnico e dos nichos internos para o espaço social mainstream, reacendendo o interesse e a percepção do público sobre o mundo cripto de forma leve, divertida e concreta — mesmo que essa percepção venha carregada de autodepreciação, volatilidade e irracionalidade, o que, paradoxalmente, aumenta sua velocidade de propagação e aderência cultural.

Quando Pudgy Penguins se torna o “avatar público”

Outro exemplo semelhante é a recente tendência nas redes sociais: cada vez mais projetos e instituições Web3 começaram a usar Pudgy Penguins (Pinguins Gordinhos) como avatar de equipe ou pessoal. Esse fenômeno foi inicialmente impulsionado por grandes exchanges e projetos de infraestrutura como Coinbase, OpenSea, OKX, MoonPay, Polkadot, entre outros, e rapidamente se espalhou para comunidades de desenvolvedores e contas pessoais, dando a impressão de que os “pinguins” tomaram conta das redes sociais em poucos dias — avatares uniformizados, seções de comentários cheias de piadas e memes, o preço mínimo dos NFTs subindo e o volume de negociação dos tokens do ecossistema disparando. Não é a primeira vez que o setor faz campanha coletiva pelos Pudgy Penguins: em uma data simbólica, projetos como MetaMask, Uniswap, Magic Eden, Phantom, Gemini também trocaram seus avatares por pinguins, quase como uma apresentação ensaiada; naquele momento, os Pudgy Penguins deixaram de ser apenas colecionáveis NFT para se tornarem um “símbolo de consenso” de toda a comunidade Web3. Ao mesmo tempo, Pudgy Penguins consolidou seu IP com uma série de ações: lançou Pudgy Toys em canais de varejo como Amazon e Walmart, com brinquedos contendo número de série para identidade digital; lançou o espaço virtual Pudgy World para interação e exibição de ativos; fez parceria com a Mythical Games para lançar o jogo de festa multiplayer Pudgy Party como porta de entrada para aquisição de usuários via conteúdo; organizou eventos presenciais globais Pudgy Party, conectando “ver — jogar — levar — on-chain” com experiências imersivas e brindes exclusivos; e fomentou o ecossistema UGC com memes, stickers e vídeos curtos, tornando o “pinguim” uma linguagem universal nas redes sociais. Essa operação sistêmica faz com que a “troca coletiva de avatar” seja mais do que um evento social, tornando-se um resultado visível de gestão de IP e branding de longo prazo, mostrando que o setor está migrando de um “foco em tecnologia” para um “foco em cultura”, onde trocar o avatar é também declarar “pertencemos à mesma comunidade, compartilhamos a mesma narrativa”.

Fonte: X

A influência dos Pudgy Penguins não é por acaso: seus holders estão amplamente distribuídos entre as principais blockchains e equipes centrais, de LayerZero, ZkSync a Dymension, Omni Network, e há projetos que distribuem airdrops ou benefícios especiais para holders dos pinguins, formando uma rede de identidade social distribuída que se torna a conexão mais autêntica do Web3 — mais flexível que qualquer aliança ou fundação, mas com maior coesão. Mais interessante ainda, os Pudgy Penguins já ultrapassaram o universo cripto: a tradicional gestora de ativos VanEck trocou o avatar oficial nas redes sociais por um Pudgy Penguin e levou o boneco físico para eventos financeiros mainstream, promovendo um encontro histórico com Wall Street; ao mesmo tempo, o feedback positivo de licenciamento de IP, colaborações e dados de varejo fortalece a cadeia de suprimentos, emissão e gestão de marca. No mundo financeiro tradicional, os símbolos institucionais costumam ser frios e abstratos; já os Pudgy Penguins oferecem uma narrativa fofa, concreta e emocionalmente conectada. Na era do TikTok e do X (antigo Twitter), um IP que vira meme representa mais o setor do que um whitepaper; com o flywheel de brinquedos de varejo — identidade digital — conteúdo de jogos — eventos presenciais — disseminação UGC, Pudgy Penguins busca se tornar o novo rosto visual da narrativa cripto.

Da linguagem social ao estilo de vida

Quando cada vez mais usuários Web3 usam vocabulário cripto nas redes sociais, quando um NFT se torna naturalmente o avatar de uma equipe, quando um “Binance Life” faz estranhos sorrirem uns para os outros — isso é o sinal de que o Web3 está penetrando no cotidiano. Não é preciso reinventar o sistema de pagamentos da noite para o dia, nem lógica complexa de interação on-chain. A cultura sempre precede a tecnologia: as pessoas primeiro se expressam com memes, avatares e bordões, depois, gradualmente, consolidam a identificação no comportamento e nas ferramentas. Portanto, a “cotidianização” do Web3 não é uma revolução tecnológica, mas uma transformação contínua da linguagem.

Quando o endereço da carteira deixa de ser apenas um comprovante de ativos e passa a ser uma identidade; quando o avatar deixa de ser apenas um JPEG e se torna um sinal de comunidade; quando uma piada gera criação coletiva e disseminação de memes, o espírito descentralizado já está enraizado de forma cultural. Não precisa ser explicado, mas sim usado, imitado e recriado. A infraestrutura é o esqueleto, a linguagem e a cultura são a carne. O verdadeiro Web3 não está no sistema ideal dos whitepapers, mas na expressão coletiva dos tweets, comentários e memes; e ocupar as redes sociais é sempre o começo de tudo isso.