Venda de baleias de Bitcoin e aumento da demanda por opções de venda se intensificam em um mercado de "duas vias impulsionado por manchetes"

O Bitcoin foi negociado um pouco acima do nível de suporte de US$ 110.000 após uma queda de 12% em relação às máximas históricas da semana passada, enquanto a venda de grandes investidores (whales), o aumento da demanda por opções de venda (puts) e as renovadas tensões tarifárias entre EUA e China pressionam os mercados, segundo analistas.

A principal criptomoeda chegou a cair brevemente para US$ 109.800 antes de se recuperar para US$ 111.200 — uma queda de quase 2% na quinta-feira após o maior evento de desalavancagem da história das criptomoedas — conforme mostra a página de preços do The Block.

Mais de US$ 19 bilhões em posições de cripto foram liquidados no último fim de semana em meio a vendas forçadas em cascata e desajustes nas exchanges, marcando o que o CIO da Bitwise, Matt Hougan, chamou de um “reset” estrutural, e não um colapso.

“O Bitcoin está testando um piso crucial em US$ 110 mil enquanto as whales reduzem exposição e a demanda por puts dispara”, disse Timothy Misir, chefe de pesquisa da BRN. “O volume de puts ultrapassou US$ 1,15 bilhão, representando 28% do fluxo de negociação, enquanto o interesse em calls permanece concentrado entre US$ 115 mil e US$ 130 mil. É uma distribuição seletiva, não pânico.” Misir observou que grandes detentores com 10–10.000 BTC venderam cerca de 17.500 moedas, mas continuam compradores líquidos no acumulado do ano, adicionando mais de 318.000 BTC no total. É mais uma rotação do que uma saída em massa, afirmou.

Dados de opções do painel do The Block mostram uma razão de interesse em aberto put-call acima de 0,5, com o skew de curto prazo tornando-se fortemente negativo à medida que os traders se protegem contra novas quedas. A volatilidade implícita voltou a superar 60%, próximo aos níveis vistos durante a queda do início de outubro.

O Ethereum foi negociado abaixo de US$ 4.000, enquanto Solana e XRP caíram mais de 3% cada, à medida que a liquidação no mercado cripto continuava. A capitalização total do mercado cripto caiu para US$ 3,8 trilhões, e o Fear & Greed Index do The Block está em 28, indicando aumento da cautela.

Enquanto isso, dados de liquidação da CoinGlass mostram que mais de US$ 500 milhões em posições alavancadas foram fechadas nas últimas 24 horas. A plataforma registrou uma liquidação semelhante durante as primeiras horas europeias na terça-feira.

Fatores macroeconômicos provavelmente amplificaram a queda. As ameaças tarifárias entre Washington e Pequim, combinadas com a paralisação contínua do governo dos EUA, reduziram o apetite por risco em ativos cripto.

Ainda assim, alguns especialistas veem força sob a superfície. Matt Mena, estrategista de pesquisa cripto da 21Shares, escreveu que “a resiliência do Bitcoin em meio a ventos macroeconômicos cruzados e uma desalavancagem agressiva mostra como a demanda estrutural — ancorada pelos fluxos de ETF e uma perspectiva de política mais dovish — continua fornecendo um piso.”

Ele destacou mais de US$ 6 bilhões em fluxos para ETFs dos EUA no último mês e disse que, com “a alavancagem eliminada e o afrouxamento da política se aproximando, o cenário para o final do ano parece cada vez mais construtivo”, sugerindo um caminho para o Bitcoin a US$ 150.000 se a demanda institucional se mantiver.

No entanto, Mena alerta que o cenário técnico de curto prazo parece frágil. Uma quebra decisiva abaixo de US$ 110.000 pode abrir espaço para uma queda até US$ 104.000–US$ 108.000, enquanto a recuperação de US$ 115.000 restabeleceria o ímpeto de alta.

“O aumento na compra de puts sinaliza medo”, acrescentou Misir, “mas a concentração de calls em strikes mais altos mostra que as instituições estão se protegendo, não saindo. Este continua sendo um mercado de mão dupla, movido por manchetes.”