Cinco previsões para as principais criptomoedas em 2026: atravessando ciclos e quebrando barreiras

Fim do ciclo de quatro anos: cinco grandes tendências disruptivas das criptomoedas em 2026.

Autor: Alexander S. Blume

Tradução: AididiaoJP, Foresight News

No final do ano passado, previ que 2025 seria o “ano de implementação transformadora” dos ativos digitais, pois já haviam sido feitos avanços significativos tanto no mercado varejista quanto institucional rumo à adoção mainstream. Essa previsão já se confirmou em vários aspectos: aumento da alocação institucional, mais ativos do mundo real sendo tokenizados e o desenvolvimento contínuo de regulamentações e infraestrutura de mercado favoráveis às criptomoedas.

Também testemunhamos a ascensão rápida das empresas de tesouraria de ativos digitais, embora sua trajetória não tenha sido tranquila. Desde então, à medida que bitcoin e ethereum se integram mais profundamente ao sistema financeiro tradicional e ganham adoção mais ampla, ambos os preços subiram cerca de 15%.

Os ativos digitais já entraram no mainstream, isso é inquestionável. Olhando para 2026, veremos o mercado continuar amadurecendo e evoluindo, com experimentações dando lugar a um crescimento mais sustentável. Com base em dados recentes e tendências emergentes, aqui estão minhas cinco principais previsões para o setor de criptomoedas no próximo ano.

1. DATs 2.0: Serviços financeiros baseados em bitcoin ganharão legitimidade

As empresas de tesouraria de ativos digitais passaram por uma rápida expansão este ano, mas também enfrentaram dores de crescimento. De bebidas alcoólicas a marcas de protetor solar, várias empresas se reposicionaram como compradoras e detentoras de criptomoedas, o que trouxe questionamentos de investidores, resistência regulatória, má gestão e avaliações deprimidas, criando problemas para esse modelo.

No meio da onda de surgimento de empresas, algumas DATs também começaram a deter ativos que podemos chamar de “altcoins”, mas na verdade esses projetos carecem de histórico ou valor de investimento, servindo apenas como instrumentos especulativos. No próximo ano, muitos dos problemas do mercado de DATs e suas estratégias operacionais serão resolvidos, e as empresas genuinamente baseadas no padrão bitcoin encontrarão seu espaço nos mercados públicos.

Muitas DATs, mesmo as de maior porte, verão suas ações começarem a refletir mais de perto o valor dos ativos subjacentes que detêm. As equipes de gestão enfrentarão pressão para criar valor de forma mais eficaz para os acionistas. É sabido que uma empresa que apenas detém grandes quantidades de bitcoin sem fazer nada (enquanto mantém despesas elevadas como jatos particulares e taxas de administração) não é benéfica para os acionistas.

2. Stablecoins estarão em toda parte

O ano de 2026 será marcado pela ampla adoção das stablecoins. Espera-se que USDC e USDT não sejam usados apenas para negociação e liquidação, mas penetrem ainda mais nas transações e produtos financeiros tradicionais. As stablecoins podem aparecer não só em exchanges de criptomoedas, mas também em processadores de pagamento, sistemas de gestão de fundos corporativos e até em sistemas de liquidação internacional. Para as empresas, a atratividade está na liquidação instantânea, sem depender dos canais bancários tradicionais, que são lentos ou caros.

No entanto, assim como no setor de DATs, o mercado de stablecoins pode ficar saturado: muitos projetos especulativos de stablecoins surgindo, muitas plataformas e carteiras de pagamento voltadas ao consumidor, e muitos blockchains alegando “suporte” a stablecoins. Até o final do ano, esperamos que muitos projetos mais especulativos sejam eliminados ou adquiridos, e o mercado será consolidado sob emissores de stablecoins mais conhecidos, varejistas, canais de pagamento e exchanges/carteiras.

3. Daremos adeus à teoria do “ciclo de quatro anos”

Faço agora uma previsão oficial: a teoria do “ciclo de quatro anos” do bitcoin será oficialmente declarada encerrada em 2026. O mercado atual é mais amplo e tem maior participação institucional, não opera mais em um vácuo. Em seu lugar, surgirá uma nova estrutura de mercado e uma força compradora contínua, impulsionando o bitcoin para uma trajetória de crescimento sustentado e gradual.

Isso significa que a volatilidade geral será reduzida, sua função como reserva de valor será mais estável, o que deve atrair mais investidores tradicionais e participantes de mercado globalmente. O bitcoin evoluirá de um instrumento de negociação para uma nova classe de ativos, com fluxos de capital mais estáveis, períodos de retenção mais longos e, no geral, menos “ciclos” tradicionais.

4. Investidores dos EUA terão acesso ao mercado de liquidez offshore

Com a maior adoção dos ativos digitais e o apoio de políticas governamentais favoráveis, mudanças regulatórias e estruturais de mercado permitirão que investidores dos EUA acessem a liquidez de criptomoedas no exterior. Isso pode não acontecer de forma repentina, mas com o tempo veremos mais instituições afiliadas aprovadas, soluções de custódia aprimoradas e plataformas offshore que atendam aos padrões de conformidade dos EUA.

Certos projetos de stablecoins também podem acelerar essa tendência. Stablecoins lastreadas em dólar já conseguem circular internacionalmente de maneiras que os canais bancários tradicionais não permitem. À medida que os principais emissores entram em mercados offshore regulados, eles devem se tornar pontes entre o capital dos EUA e os pools globais de liquidez. Em resumo, as stablecoins podem finalmente resolver o problema que os reguladores nunca conseguiram abordar adequadamente: conectar investidores dos EUA ao mercado internacional de ativos digitais de forma clara e rastreável.

Isso é fundamental, pois a liquidez offshore desempenha um papel crucial na descoberta de preços no mercado de ativos digitais. A próxima fase de maturidade do mercado será a padronização das operações de mercado transfronteiriças.

5. Os produtos se tornarão mais complexos e sofisticados

No próximo ano, produtos de dívida e ações relacionados ao bitcoin, bem como produtos de negociação focados em retornos denominados em bitcoin, alcançarão um novo nível de complexidade. Investidores, inclusive aqueles que antes evitavam ativos digitais, adotarão esse portfólio de produtos mais novo e sofisticado.

É muito provável que vejamos produtos estruturados usando bitcoin como garantia, além de estratégias de investimento projetadas para gerar retornos reais a partir da exposição ao bitcoin (em vez de apenas apostar na alta ou baixa do preço). Produtos ETF também começam a ir além do simples acompanhamento de preços, oferecendo fontes de rendimento por meio de staking ou estratégias de opções, embora produtos de retorno total totalmente diversificados ainda sejam limitados. Os derivativos se tornarão mais complexos e melhor integrados aos frameworks de risco padrão. Até 2026, é provável que a principal função do bitcoin não seja mais apenas como instrumento especulativo, mas sim como parte central da infraestrutura financeira.