O teste final de Powell: pelo menos três dissidentes na reunião de dezembro, consenso do Federal Reserve desmorona!

O “porta-voz do Federal Reserve” Nick Timiraos escreveu que, independentemente do resultado, a reunião de dezembro do Federal Reserve pode ter pelo menos três votos contrários — se a decisão for manter as taxas de juros inalteradas, os três diretores nomeados por Trump votarão contra; se o Federal Reserve cortar a taxa em 25 pontos-base, pelo menos três pessoas também discordarão.

Na ausência de novos dados econômicos para orientar decisões complexas, os membros do Federal Reserve enfrentam um desafio: resolver divergências na definição das taxas de juros.

O vice-presidente do Federal Reserve, Philip Jefferson, exemplificou o dilema do banco central na segunda-feira, reconhecendo os riscos tanto da inflação persistente quanto do enfraquecimento do mercado de trabalho — duas ameaças opostas que exigem políticas contrárias.

“A evolução do equilíbrio de riscos destaca a necessidade de cortes graduais nas taxas de juros”, disse Jefferson em um discurso no Federal Reserve de Kansas City.

Além desse ponto de vista, as declarações de Jefferson não apoiaram uma pausa prolongada nos cortes de juros, nem forneceram base para um corte na reunião do próximo mês — uma decisão que está se tornando extremamente controversa.

Como membro da liderança do Federal Reserve, Jefferson normalmente reforça as opiniões do presidente Jerome Powell, que deve desempenhar um papel fundamental na conciliação do dividido comitê de formulação de políticas do próximo mês.

Nas últimas semanas, as expectativas do mercado para um corte de juros pelo Federal Reserve na reunião de 9 a 10 de dezembro caíram constantemente, algo raro em um período sem divulgação de indicadores econômicos significativos.

De acordo com dados do CME Group, na manhã de segunda-feira, a probabilidade implícita de corte de juros pelo mercado era de cerca de 45%, abaixo dos 60% de uma semana atrás e dos 90% durante a reunião de 28 a 29 de outubro.

Jefferson reiterou na segunda-feira sua opinião anterior: as taxas de juros ainda estão em um nível “ligeiramente restritivo”, o que limitará o crescimento econômico, mas os cortes recentes já aproximaram as taxas do nível neutro, que nem estimula nem desacelera a atividade econômica.

O Federal Reserve reduziu as taxas de juros nas duas reuniões anteriores, em setembro e outubro, mas, devido à recente paralisação do governo federal que resultou em falta de dados, as divergências dentro do comitê de definição de taxas de juros estão se aprofundando e são difíceis de resolver.

Vários membros do Federal Reserve que apoiaram cortes de juros nas reuniões recentes disseram na semana passada que, a menos que haja evidências de deterioração do mercado de trabalho ou melhora da inflação, se oporão a novos cortes. Ainda não está claro se o Federal Reserve terá acesso a esses dados antes da próxima reunião.

Um dos grupos está mais preocupado com a inflação — que está acima da meta de 2% do Federal Reserve há quatro anos consecutivos. Eles temem que novas pressões de preços causadas por tarifas mantenham a inflação acima da meta nos próximos dois anos e se preocupam que, se a inflação demorar seis ou sete anos para voltar ao alvo, um ambiente de crédito mais flexível possa trazer riscos.

Esse grupo aumentou recentemente e agora inclui quatro presidentes regionais do Federal Reserve com direito a voto na política monetária este ano, além do diretor do Federal Reserve Michael Barr.

O outro grupo inclui todos os três diretores do Federal Reserve nomeados por Trump, que continuam mais preocupados com o mercado de trabalho. Eles acreditam que seus colegas estão superestimando o risco de inflação persistentemente alta (que consideram distante), o que pode levar a uma recessão desnecessária.

Um desses diretores, Christopher Waller, alertou na segunda-feira que os dados recentes de contratação do setor privado mostram que o crescimento do emprego em setembro e outubro ficou quase “estagnado”, e alguns indicadores apontam para mais fraqueza em novembro.

Há mais de um ano, as empresas têm contratado lentamente e evitado demissões, mas Waller disse na segunda-feira que teme que mais empresas estejam planejando reduzir suas operações, o que quebraria esse equilíbrio. “Eles começaram a falar sobre demissões”, disse Waller.

Ele também destacou que dados fracos de confiança do consumidor, crescimento salarial moderado e demanda fraca por bens duráveis como moradia e automóveis indicam que a economia ainda enfrenta obstáculos que podem não ter se manifestado totalmente e que podem limitar qualquer aceleração da inflação.

O resultado é que, Powell enfrenta uma tarefa quase impossível: montar o consenso normalmente amplo em um momento em que ele não existe mais.