Offchain Labs desafia a proposta RISC-V de Vitalik e afirma que WASM é melhor para o Ethereum L1

A Offchain Labs, desenvolvedora principal da Ethereum Layer 2 Arbitrum, contestou a proposta de Vitalik Buterin de migrar a camada de execução da Ethereum para RISC-V, publicando um artigo técnico detalhado argumentando que o WebAssembly (WASM) oferece vantagens superiores a longo prazo.

Em uma publicação de 20 de novembro no Ethereum Research, quatro pesquisadores da Offchain Labs argumentam que, embora o RISC-V atualmente seja excelente na geração de provas ZK, isso não o torna a escolha certa para como os smart contracts devem ser entregues e armazenados na Ethereum.

O cofundador da Ethereum, Buterin, sugeriu a ideia de substituir o bytecode da Ethereum Virtual Machine pelo conjunto de instruções open-source RISC-V (pronuncia-se "risk-five") em uma publicação no Ethereum Magicians em abril, argumentando que a mudança poderia reduzir os custos de provas ZK on-chain em até 100x em alguns casos. 

"Apoiamos esses objetivos, mas questionamos a suposição implícita de Vitalik de que uma ISA pode servir de forma ideal tanto para provas ZK quanto para a entrega de smart contracts", escreveram Mario Alvarez, Matteo Campanelli, Tsahi Zidenberg e Daniel Lumi.

Separar entrega de prova?

O argumento central da equipe gira em torno da distinção entre uma "delivery ISA" (dISA) — o formato para upload de contratos on-chain — e uma "proving ISA" (pISA) usada por máquinas virtuais ZK. Eles argumentam que essas não precisam ser as mesmas.

A Offchain Labs já está desenvolvendo um protótipo que comprova esse conceito: blocos Arbitrum, incluindo smart contracts baseados em WASM Stylus, são comprovados por ZK primeiro compilando WASM para RISC-V e depois provando a execução em RISC-V.

"Podemos comprovar por ZK blocos do mundo real hoje em uma blockchain que usa WASM como dISA, utilizando uma ZK-VM baseada em RISC-V como backend", afirma o artigo.

RISC-V pode não permanecer ideal

A equipe questiona se o RISC-V representa o ponto final da evolução das ZK-VMs, observando que o cenário de provas está mudando rapidamente. Mudanças recentes de implementações RISC-V de 32 bits para 64 bits destacam essa incerteza.

Consagrar o RISC-V no L1 poderia prender a Ethereum a uma tecnologia de prova específica justamente quando alternativas melhores surgirem, alertam, enquanto ZK-VMs baseadas em WASM como o Ligetron da Ligero já demonstram vantagens que ISAs focadas em hardware podem não conseguir igualar.

Enquanto isso, os custos de provas ZK despencaram para cerca de US$ 0,025 por bloco Ethereum e continuam caindo, tornando menos crítico otimizar exclusivamente para eficiência de prova, argumentam os pesquisadores. "Mesmo que o L1 exigisse múltiplas provas ZK por bloco, esse custo seria mínimo em comparação com as taxas de gas e MEV que um builder poderia receber de um bloco", escreveram. 

Vantagens do WASM

A equipe destaca o design estruturado do WASM, que facilita a modificação e otimização do código sem quebrar contratos existentes. O WASM também executa de forma eficiente em hardwares comuns, enquanto a maioria dos nodes Ethereum não roda CPUs RISC-V e precisaria emulá-las.

As capacidades de validação do WASM garantem segurança de tipos e previnem vulnerabilidades, enquanto seu ecossistema de ferramentas maduras já foi testado em bilhões de ambientes de execução.

"Acreditamos que o WASM pode ser uma espécie de Protocolo de Internet para smart contracts, servindo como uma camada intermediária ideal entre as diversas linguagens-fonte em que os smart contracts são escritos e os diversos backends usados para executar e comprovar smart contracts", escreveram os pesquisadores.