Opiniões e Perspectivas da Bitrace na Hong Kong FinTech Week

Durante a nona edição da Hong Kong FinTech Week, a CEO da Bitrace, Isabel Shi, participou de uma mesa-redonda no Fórum de Blockchain e Ativos Digitais, onde debateu com Evan Auyang, presidente da Animoca Brands, Gary Liu, cofundador & CEO da Terminal 3, e Thomas Zhu, da Hua Xia Fund, sobre temas como o ambiente Web3 em Hong Kong e a integração entre Tradfi e Defi. Em uma conversa à lareira organizada pela Cyberport, ela também discutiu questões de segurança de ativos virtuais e regulação de VAOTC com Keywolf, sócio & CPO da Slowmist.

A seguir, os principais pontos de vista de Isabel nos dois eventos:

Fórum de Blockchain e Ativos Digitais: Fusão ou coexistência? Explorando a relação entre o Web3 nativo de Hong Kong e as finanças tradicionais

1. As finanças tradicionais (Tradfi) e as finanças descentralizadas (Defi) parecem ser mutuamente exclusivas por definição, mas vemos uma cooperação crescente entre ambas. O governo criou um grupo de trabalho especial para fortalecer o desenvolvimento do ecossistema Web3. No início deste ano, vimos o lançamento dos primeiros ETFs de cripto. No entanto, riscos de conformidade, fraude, segurança e lavagem de dinheiro ainda geram preocupações. Qual é a chave para a integração entre Tradfi e Defi?

Sobre esta questão, gostaria de destacar dois fatores-chave: um quadro regulatório claro e instituições de custódia confiáveis.

Quadro regulatório: Os reguladores devem fornecer um quadro legal claro para DeFi e TradFi, especialmente em relação aos requisitos de conformidade em áreas como combate à lavagem de dinheiro (AML), conhecimento do cliente (KYC), privacidade de dados e tributação. Isso pode reduzir as incertezas legais e de conformidade entre projetos DeFi e instituições TradFi, diminuindo os riscos. Estamos satisfeitos em ver que o governo de Hong Kong, após ouvir o setor, criou novas leis e regulamentos específicos para a indústria Web3, o que marca um avanço significativo na construção de Hong Kong como um centro global de ativos virtuais.

Além disso, como o cripto é uma classe de ativos globalizada, as transferências transfronteiriças frequentes inevitavelmente desafiarão os reguladores internacionais. Talvez, no futuro, a criação de um quadro regulatório global unificado seja uma tendência inevitável.

Instituições de custódia: Para passar de ativos on-chain, sem confiança e anônimos, para ativos financeiros baseados em confiança e identidade real, é necessário não só criar plataformas de ponte regulatória para lidar com questões como KYC, KYT, AML e facilitar a conversão entre os dois tipos de ativos, mas também introduzir instituições de custódia confiáveis para ajudar instituições financeiras e usuários a guardar ativos com segurança e aumentar a confiança.

2. O ecossistema de criptomoedas de Hong Kong é único. Nos EUA, temos grandes plataformas de negociação de criptomoedas, enquanto os reguladores de Hong Kong atualmente só autorizaram três tipos diferentes de VATP. Quais são os principais obstáculos do ecossistema de criptomoedas de Hong Kong? Qual a melhor forma de superar esses desafios?

O quadro regulatório atual é mais voltado para o modelo tradicional de regulação financeira. Embora Hong Kong tenha lançado um quadro regulatório para provedores de serviços de ativos virtuais (VASP), as leis e políticas ainda não são suficientemente claras e abrangentes. Por exemplo, no combate à lavagem de dinheiro, não há artigos claros e os limites regulatórios ainda são relativamente vagos. Além disso, a regulação do Web3 em Hong Kong está dividida entre diferentes departamentos: o HKMA é responsável por Stablecoin, a SFC regula o VATP e a Customs participa da regulação do VAOTC. Como há muita sobreposição nas operações dos vários VASP, a colaboração entre os órgãos reguladores também enfrenta desafios, o que pode se tornar um obstáculo potencial ao desenvolvimento do ecossistema cripto em Hong Kong.

Como as criptomoedas podem ser transferidas internacionalmente, Hong Kong tem um enorme mercado OTC (over-the-counter). Os usuários locais tendem a fazer depósitos e saques por meio de OTC online ou offline e utilizam CEX estrangeiras para trocas cripto-cripto. Sabemos que as exchanges internacionais de renome já detêm a maior parte do mercado, atraindo muitos usuários e liquidez, o que coloca grande pressão competitiva sobre as exchanges locais.

Portanto, minhas sugestões são:

Primeiro, é preciso resolver as questões de limites e colaboração regulatória, garantindo que a regulação e o desenvolvimento estejam equilibrados, e não apenas restritivos. Além disso, confiar apenas na regulação local não é suficiente, pois o mundo Web3 não tem fronteiras. É necessário fortalecer ainda mais a regulação transfronteiriça, a colaboração e o intercâmbio de informações.

Segundo, oferecer mais apoio político e de desenvolvimento para as empresas VASP locais, ajudando-as a atrair usuários e a inovar ativamente.

3. Hong Kong está empenhada em se tornar o centro Web3 e de criptomoedas da Ásia-Pacífico. Qual é a principal competitividade de Hong Kong no campo Web3? Quais são as expectativas em relação às políticas?

Primeiro, Hong Kong possui um ambiente de mercado liberal, um sistema jurídico comercial completo e uma posição de liderança no mercado financeiro asiático, o que oferece uma excelente base para o desenvolvimento do Web3. Vale lembrar que muitas grandes exchanges e emissores de stablecoins estabeleceram suas matrizes em Hong Kong. Ao analisar os dados do mercado local, percebemos que, mesmo com poucas exchanges licenciadas, o volume de atividades OTC de cripto é muito grande, o que mostra que Hong Kong tem vantagens naturais no Web3.

Segundo, desde o final de 2023, Hong Kong tem promovido fortemente a construção do Web3, sendo uma das cidades financeiras globais que mais investe recursos e esforços nesse sentido. Acredito que, a longo prazo, isso certamente acumulará vantagens.

4. Que outras medidas regulatórias podem ajudar Hong Kong a atingir seus objetivos?

Primeiro, na minha opinião, o Regtech deve vir em primeiro lugar. O maior diferencial do Web3 em relação às finanças tradicionais é que o Web3, especialmente o cripto, permite alto grau de anonimato, ausência de permissões e operações transfronteiriças. Portanto, a regulação tradicional não se aplica ao Web3. Por exemplo, em crimes envolvendo cripto, se não for possível monitorar ou prevenir em tempo hábil, é praticamente impossível rastrear e recuperar perdas. Esse é o desafio da regulação. Há anos, os EUA investem muitos recursos em Regtech. Acredito que, como pioneira do Web3 na Ásia, Hong Kong deve dar um papel importante ao Regtech para buscar o equilíbrio entre desenvolvimento de negócios e conformidade. Além disso, Hong Kong precisa estabelecer seus próprios padrões regulatórios e de combate à lavagem de dinheiro para fortalecer sua influência e liderança na APAC e globalmente.

Segundo, deve haver melhores políticas de atração de talentos e promoção da educação e formação de talentos locais. O talento é um fator produtivo fundamental. Atualmente, vemos que, com as mudanças nas políticas regulatórias globais, os talentos do mercado cripto estão se transferindo e circulando rapidamente. Precisamos fortalecer a educação e formação de talentos cripto, desenvolver talentos locais para impulsionar o setor Web3 e também estabelecer melhores conexões globais. Seja em capital ou negócios, o talento é o elo mais direto. Imagem

Cyberport: Novas perspectivas de segurança de ativos virtuais em 2024 & Oportunidades e desafios do caminho da conformidade sob o novo relatório de políticas

5. Quais eventos de segurança merecem atenção no setor de ativos virtuais e criptomoedas em 2024?

A exchange japonesa DMM foi hackeada em 4.502,9 BTC, com perdas superiores a 300 milhões de dólares, sendo o terceiro maior caso de prejuízo na história das exchanges japonesas. Os fundos roubados da DMM foram transferidos por meio de várias formas, como dispersão, cross-chain e conversão, contaminando muitos endereços de comerciantes OTC, incluindo endereços de negócios de instituições conhecidas do Sudeste Asiático, que foram congelados pela tether devido a esse incidente. Após o caso DMM, os provedores de serviços cripto asiáticos, especialmente OTC, devem prestar mais atenção ao KYT.

6. Hong Kong está prestes a aumentar ainda mais o número de exchanges de ativos virtuais licenciadas. Pode apresentar métodos comuns de crimes com criptomoedas para ajudar o público a evitar armadilhas?

A Bitrace lançou recentemente o "Manual Antifraude Web3", baseado em inúmeros casos reais de fraude cripto que analisamos ao longo do tempo, identificando os métodos típicos mais comuns em vários cenários, como carteiras falsas que roubam cripto ao serem baixadas de sites de terceiros, golpes de romance para usuários leigos em blockchain, fraudes de transferência via QR code (onde o valor transferido difere do exibido na interface do site de phishing). Muitas técnicas tradicionais de fraude estão sendo aplicadas no campo Web3.

Interessados podem baixar no site oficial da Bitrace https://bitrace.io/zh/blog.

7. O relatório de políticas de 2024 menciona "concluir a segunda rodada de consultas sobre a regulação do comércio OTC de ativos virtuais e apresentar o sistema proposto de licenciamento para provedores de serviços de custódia de ativos virtuais". Pode interpretar isso?

Há muito tempo acompanhamos de perto o mercado VAOTC, especialmente na Ásia, e continuamos coletando e analisando endereços relacionados ao VAOTC. Segundo nossos dados, nos últimos três anos, o volume total de transações do mercado VAOTC de Hong Kong chegou a quase 500 bilhões de dólares.

Nessas transações, além das operações normais de entrada e saída de investidores, há também muitas transações de risco, como fundos provenientes de regiões sancionadas, fundos de risco ligados a endereços de negócios de entidades do mercado cinza/negro do Sudeste Asiático e fundos de lavagem de dinheiro relacionados a outras atividades criminosas. Esses fundos, ao passarem por endereços VAOTC, acabam contaminando endereços de investidores comuns e instituições financeiras inocentes, gerando riscos legais generalizados. Por exemplo, investidores que recebem fundos provenientes de roubo ou fraude podem ser investigados.

Ao estabelecer um sistema de licenciamento, o governo de Hong Kong poderá, exigindo a conformidade dos VAOTC, identificar e isolar esses fundos de risco, impedindo que investidores comuns e instituições financeiras tenham contato com eles. Se for bem implementado, em breve poderemos construir em Hong Kong um mercado VAOTC confiável e em conformidade.

8. O que os provedores de serviços OTC e de custódia devem preparar? Alguma recomendação?

É necessário estabelecer mecanismos padrão de AML e KYT para cripto. Antes de aceitar fundos de usuários, deve-se auditar os endereços de transferência para determinar o nível de risco e, se possível, adotar medidas de controle para endereços de alto risco.

Adotar soluções Regtech maduras é mais eficiente do que desenvolver internamente. No entanto, as equipes de gestão de risco também precisam aprimorar continuamente seu conhecimento sobre o mercado cripto, incluindo os princípios básicos do blockchain, as mais recentes técnicas de crimes cripto e inovações em aplicações Web3.

9. Que produtos podem "proteger" reguladores e instituições financeiras?

Temos dois produtos padronizados: Detrust — plataforma de monitoramento e gestão de fundos de risco on-chain. Por meio do monitoramento e avaliação em tempo real de endereços e transações cripto, ajuda os clientes a identificar, gerenciar e investigar rapidamente situações de fundos de risco, sendo adequado para todos os tipos de VASP e empresas tradicionais com negócios em cripto.

Bitrace Pro — plataforma colaborativa de rastreamento e análise de criptomoedas. Com recursos avançados de análise visual, identificação de entidades e agrupamento de endereços, ajuda os clientes a reconstruir rapidamente eventos de risco e realiza análises abrangentes e inteligentes com mais de 20 modelos avançados de análise de risco. É adequado para órgãos de aplicação da lei ou departamentos de conformidade de grandes VASP.

Além disso, podemos fornecer soluções personalizadas para clientes, como plataformas de monitoramento de stablecoins, plataformas de monitoramento OTC e plataformas integradas de conformidade.

10. Como uma empresa de destaque instalada na Cyberport de Hong Kong, compartilhe algumas dicas para empresas que pretendem se estabelecer em Hong Kong.

Primeiro, empreender definitivamente não é uma tarefa fácil; é preciso estar preparado para suportar pressão a longo prazo.

Em segundo lugar, juntar-se a organizações de apoio como a Cyberport é fundamental. Como base de inovação tecnológica de Hong Kong, a Cyberport não só oferece recursos e redes valiosas para startups, mas também permite uma troca profunda com outros empreendedores com ideias semelhantes, o que é essencial para expandir negócios e construir parcerias duradouras.

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