Por trás da avaliação de 500 bilhões da Tether, um grupo discreto de participantes está criando a maior fortuna da história das criptomoedas.

Autor: David｜Deep Tide TechFlow

Título original: A história de riqueza dos acionistas secretos por trás da avaliação de 500 bilhões da Tether

Em 24 de setembro de 2025, segundo a Bloomberg, a maior emissora de stablecoins do mundo, Tether Holdings, está negociando uma nova rodada de financiamento com investidores, planejando vender 3% de suas ações para levantar entre 15 e 20 bilhões de dólares.

Se considerado o valor máximo, essa transação elevaria a avaliação da Tether para cerca de 500 bilhões de dólares, tornando-a uma das empresas privadas mais valiosas do mundo.

O que significa uma avaliação de 500 bilhões de dólares?

Para comparação, a OpenAI foi avaliada em cerca de 300 bilhões de dólares em março deste ano, enquanto a SpaceX está em torno de 450 bilhões de dólares. A meta de avaliação da Tether, de 500 bilhões, supera até mesmo a soma dos valores de mercado de dois gigantes de Wall Street: Goldman Sachs (216 bilhões) e Blackstone (148 bilhões).

Mas o que realmente chama atenção não é a avaliação da empresa em si, mas sim as pessoas por trás desse número.

Aqueles que detêm, direta ou indiretamente, o controle acionário da Tether podem, caso o negócio seja concretizado, tornar-se alguns dos indivíduos mais ricos da história da indústria cripto.

Como uma empresa privada registrada nas Ilhas Virgens Britânicas, a Tether nunca divulgou voluntariamente sua estrutura acionária. Controlando 170 bilhões de dólares em circulação de USDT e praticamente monopolizando a infraestrutura global de negociação de criptomoedas, seus verdadeiros controladores sempre permaneceram nos bastidores.

Até 2021, quando documentos de investigação do escritório do procurador-geral de Nova York e da CFTC dos EUA revelaram acidentalmente parte dessas informações; em 2024, a Forbes complementou esse quebra-cabeça com fontes adicionais.

Com base nessas informações fragmentadas, mas relativamente confiáveis, finalmente podemos traçar o mapa da riqueza por trás da Tether.

Considerando a avaliação de 500 bilhões de dólares, o maior acionista da Tether, um italiano de 61 anos, teria uma fortuna superior a 200 bilhões de dólares, superando Warren Buffett e tornando-se o quinto homem mais rico do mundo.

Outros acionistas centrais também ingressariam nos clubes dos bilionários e multibilionários.

Esses super-ricos, por muito tempo ocultos, finalmente têm nomes e rostos. Entre eles, há um ex-cirurgião plástico, um programador que codifica até de madrugada, um holandês que estudou chinês em Taiwan e até mesmo um empresário chinês atualmente preso.

Cada um deles tem uma história pouco conhecida de acumulação de riqueza.

Presidente: De cirurgião plástico a um dos cinco mais ricos do mundo

Giancarlo Devasini

Cargo atual: Presidente e CFO da Tether

Participação: 47%

Patrimônio potencial: 235 bilhões de dólares (quinto mais rico do mundo)

Giancarlo Devasini pode ser o bilionário mais misterioso do mundo cripto.

Esse italiano de 61 anos raramente aparece em público, não tem redes sociais e quase não há fotos suas disponíveis, mas ele controla 47% das ações da Tether.

Segundo o índice de bilionários da Bloomberg, se a avaliação de 500 bilhões se concretizar, ele superará Buffett e será o quinto homem mais rico do mundo, atrás apenas de Musk, Ellison (Oracle), Zuckerberg e Bezos.

No entanto, comparado à solidez de sua fortuna, a trajetória de vida de Devasini é ainda mais surpreendente.

Em 1990, Giancarlo Devasini se formou na Faculdade de Medicina da Universidade de Milão, tornando-se cirurgião plástico. Dois anos depois, abandonou essa carreira estável e respeitável aos olhos dos outros.

Após deixar o hospital, Devasini entrou no setor de comércio de TI, importando peças de computador e vendendo eletrônicos — fazia o que desse dinheiro. Em 1995, foi obrigado pela Microsoft a pagar uma indenização de 1 milhão de liras por vender software pirata.

Em 2008, um incêndio destruiu seu depósito e a empresa entrou em liquidação. Na época, Devasini tinha 44 anos e voltou praticamente à estaca zero.

Mas foi justamente essa falência que o empurrou para o mundo cripto. Em 2012, ele investiu na então desconhecida exchange Bitfinex e gradualmente assumiu sua operação.

Naquele momento, o mercado cripto era ainda mais volátil do que hoje. Devasini percebeu rapidamente um problema: o preço do BTC e de outros ativos era volátil demais para serem usados como meio de pagamento.

Em 2014, Devasini e o gênio da tecnologia Paolo Ardoino lançaram a solução: Tether, uma stablecoin atrelada ao dólar na proporção 1:1, mas o processo não foi fácil.

Na época, o mercado não aceitava stablecoins como hoje. Havia dúvidas sobre reservas, auditorias e possíveis corridas bancárias. Devasini foi pessoalmente abrir caminho, voando para Bahamas, Suíça e Hong Kong, batendo de porta em porta em bancos para encontrar uma instituição disposta a abrir conta para esse projeto "suspeito".

Em 2016, a Bitfinex foi hackeada e perdeu 120 mil bitcoins, todos achavam que a empresa estava acabada.

Devasini propôs uma solução: emitir o token de dívida BFX para os usuários afetados, prometendo recomprá-los, enquanto garantia o funcionamento normal da Tether. O mercado aceitou essa solução aparentemente ilusória e o USDT começou a crescer explosivamente.

Em 2018, a Bitfinex teve 850 milhões de dólares congelados pelo processador de pagamentos Crypto Capital, enfrentando uma crise de liquidez.

Devasini optou por usar as reservas da Tether para socorrer a empresa, decisão que chamou a atenção do procurador-geral de Nova York, que alegou que isso afetou a integridade das reservas em dólar do USDT.

A investigação durou dois anos e, ao final, a Tether pagou 18,5 milhões de dólares em acordo, sem admitir irregularidades.

Após várias crises, a posição de Devasini ficou ainda mais sólida. Dados públicos mostram que sua participação subiu de 43% em 2018 para 47% em 2024.

Em março de 2025, ele foi promovido de CFO a presidente, consolidando ainda mais seu controle.

Hoje, aos 61 anos, Devasini continua extremamente discreto. Sem redes sociais, raramente concede entrevistas e há pouquíssimas fotos públicas suas. Entre 2017 e 2023, relatos indicam que ele residia principalmente em Lugano, Suíça, onde a Tether assinou um memorando de entendimento com o governo local para promover o uso de criptomoedas.

(Leitura relacionada: A estátua de Satoshi afundou no lago, a ansiedade da "capital cripto da Europa" veio à tona)

Segundo documentos de investigação do procurador-geral de Nova York de 2021, Devasini desempenha papel central nas operações da Tether e da Bitfinex, incluindo relações bancárias e gestão de reservas.

Em 15 anos, Devasini passou de médico a bilionário com fortuna de 200 bilhões.

CEO: O workaholic do código

Paolo Ardoino

Cargo atual: CEO da Tether

Participação: cerca de 20%

Patrimônio potencial: 100 bilhões de dólares

Se Giancarlo Devasini é o cérebro misterioso por trás da Tether, Paolo Ardoino é o rosto público da empresa.

Um nunca aparece, o outro está sempre ativo no Twitter; um conquistou o controle pelo capital, o outro ganhou participação com código.

Em 2017, Ardoino fez 40.000 commits no GitHub, média de mais de 100 por dia. Essa intensidade quase obsessiva define a trajetória desse programador italiano.

Em 2014, ele entrou na Bitfinex como desenvolvedor sênior, sem informações sobre participação acionária na época; em 2024, a Forbes informou que ele detinha cerca de 20% da Tether. Se a avaliação de 500 bilhões se concretizar, isso significa 100 bilhões de dólares em patrimônio.

A relação entre Ardoino e Devasini começou em Londres, em 2014. Segundo a CoinDesk, Devasini, então à frente da Bitfinex, reconheceu o talento técnico de Ardoino.

De desenvolvedor comum a CEO, a ascensão de Ardoino foi clara: em 2017 tornou-se CTO, em dezembro de 2023 assumiu como CEO.

Mesmo como CEO, ele continua trabalhando até de madrugada. Seu Twitter, @paoloardoino, frequentemente responde questões técnicas tarde da noite. Quando a mídia critica a Tether, ele rebate imediatamente, como ao chamar um artigo do Wall Street Journal de "artigo de palhaço".

Esse estilo comunicativo frequente preenche o vácuo deixado pela discrição de Devasini. Em um negócio de stablecoin que exige confiança, Ardoino tornou-se o rosto visível para os usuários.

Além da Tether, ele fundou em 2022 a empresa de tecnologia peer-to-peer Holepunch. Mesmo acumulando funções, admite não tirar férias há quase dez anos.

"Nunca fui ao Japão", disse em entrevista. "É a terra dos videogames e animes, sempre quis ir."

Em abril de 2024, a Forbes incluiu Ardoino na lista global de bilionários cripto, avaliando-o em 3,9 bilhões de dólares. Mas se a Tether chegar a 500 bilhões, esse número multiplicará por 25. Ele entrará para o clube dos bilionários de 100 bilhões.

Ex-CEO: Genro de Taiwan, frequenta templos para orações

Jean-Louis van der Velde

Cargo atual: Consultor da Tether, CEO da Bitfinex (ex-CEO da Tether)

Participação: 10-15%

Patrimônio potencial: 50-75 bilhões de dólares

Entre os executivos da Tether, Jean-Louis van der Velde talvez seja o mais difícil de decifrar.

Esse holandês começou sua história na Ásia em 1985, quando deixou sua terra natal para estudar chinês na Universidade Normal de Taiwan. Segundo seu LinkedIn, após se formar em 1988, nunca mais voltou à Holanda, fincando raízes na Ásia.

Quase 40 anos depois, esse ex-estudante de chinês pode ter acumulado dezenas de bilhões de dólares.

Van der Velde ascendeu no mundo cripto de forma discreta. Em 2013, tornou-se cofundador e CEO da Bitfinex. Segundo o blog da empresa, sua função era "construir a estrutura de holding, focando no desenvolvimento e investimento em fintech e big data".

Em termos simples, ele era responsável pela estrutura da empresa e relações externas.

Documentos regulatórios de 2018 mostram que ele detinha cerca de 15% da Tether. Em 2024, sua participação não é mais pública, mas a Forbes ainda o lista entre os bilionários cripto, avaliando-o em 3,9 bilhões. Se ainda tiver 10-15% das ações, com avaliação de 500 bilhões, terá entre 50 e 75 bilhões de dólares.

Diferente do mistério de Devasini e da atividade de Ardoino, Van der Velde optou por uma presença discreta: está presente, mas invisível.

Tem cargo, tem ações, mas quase nenhuma declaração pública. Pesquisando seu nome, há muitos registros de cargos, mas quase nada pessoal.

Em outubro de 2023, Van der Velde deixou o cargo de CEO da Tether, passando o bastão para Ardoino. Mas não saiu da empresa, tornando-se consultor e mantendo-se CEO da Bitfinex.

Sobre sua vida pessoal, há pouquíssima informação pública. Segundo seu LinkedIn, fala cinco idiomas: holandês, inglês, chinês, alemão e francês. Além disso, o detalhe mais divulgado vem de uma reportagem da mídia taiwanesa:

Sua esposa é taiwanesa, o que o faz ser influenciado pela cultura local. Devido às dificuldades do empreendedorismo, todos os anos ele vai a um templo no norte de Taiwan acender uma luz e rezar, mesmo que não possa ir pessoalmente, pede para alguém fazer isso por ele.

Esse detalhe pode ser verdadeiro ou não, mas combina com sua imagem.

Um ocidental profundamente influenciado pela cultura asiática, discreto e pragmático, que construiu gradualmente um império cripto no solo comercial do Oriente.

Curiosamente, há quem questione se Van der Velde realmente existe. Usuários do Twitter já brincaram: "Alguém já viu o CEO da Bitfinex?" Isso é exagero, mas reflete seu baixo perfil.

Isso difere da maioria dos KOLs barulhentos do ecossistema cripto atual; os fortes talvez não precisem ser chamativos, nem se expor, nem mesmo serem vistos.

Claro, desde que você esteja no lugar certo na hora certa.

Conselheiro jurídico: Saiu após missão cumprida

Stuart Hoegner

Cargo anterior: Conselheiro jurídico-chefe da Tether/Bitfinex

Participação: 13%

Patrimônio potencial: 65 bilhões de dólares

Em janeiro de 2025, Stuart Hoegner atualizou seu perfil no Twitter: de "conselheiro jurídico-chefe da Bitfinex e Tether" para "ex-conselheiro jurídico-chefe".

Hoegner tem um rótulo único no mundo cripto: @bitcoinlawyer. Essa conta no Twitter está ativa desde 2011, três anos antes do nascimento da Tether.

Enquanto a maioria dos advogados ainda estudava a legalidade do bitcoin, ele já prestava serviços jurídicos ao setor.

Em 2014, Hoegner entrou na Bitfinex e depois tornou-se conselheiro jurídico-chefe da Tether. Permaneceu nesse cargo por 11 anos. Segundo documentos regulatórios de 2018, detinha cerca de 15% da Tether; em 2024, a Forbes informou que essa participação caiu para 13%.

Como advogado, Hoegner frequentemente esteve no olho do furacão. Em 2019, quando o procurador-geral de Nova York investigou o problema dos 850 milhões da Tether, ele liderou a equipe jurídica. Em 2021, quando a CFTC multou a Tether em 41 milhões por questões de reservas, ele também liderou as negociações.

Mas, diferente de advogados corporativos típicos, Hoegner é extremamente ativo nas redes sociais.

Seu Twitter discute não só questões jurídicas, mas também compartilha conteúdo pró-bitcoin e rebate críticas à Tether. Essa postura combativa o tornou figura conhecida na comunidade cripto.

Sua trajetória também é interessante. Antes do setor cripto, Hoegner trabalhou na indústria de pôquer online. Em 2008, enquanto estava no site Ultimate Bet, o site foi envolvido em um escândalo de trapaça por funcionários internos usando contas de superusuário.

Curiosamente, outro advogado do caso Ultimate Bet, Daniel Friedberg, tornou-se depois diretor de compliance da FTX, desempenhando papel controverso no colapso da FTX.

Dois ex-colegas, destinos opostos no mundo cripto.

Um levou a empresa a uma avaliação de 500 bilhões, o outro testemunhou o maior colapso de império cripto da história.

A aposentadoria em janeiro de 2025 foi em um momento delicado. O regulamento MiCA da União Europeia havia acabado de entrar em vigor e a regulação de stablecoins nos EUA estava acelerando.

Como chefe jurídico, ele sabia melhor que ninguém dos desafios regulatórios iminentes. A aposentadoria pode ter sido uma saída estratégica.

Se ainda detiver os 13% de ações, o título de "ex-conselheiro jurídico" não impede que ele seja o advogado mais rico do setor cripto.

O quarto acionista misterioso desaparecido

Christopher Harborne (Reino Unido) / Chakrit Sakunkrit (Tailândia)

Participação: 13% (dados de 2018)

Patrimônio potencial: 65 bilhões de dólares

Na lista de acionistas da Tether, há alguém ainda mais misterioso que Van der Velde, com dois nomes diferentes.

Segundo documentos de investigação do procurador-geral de Nova York de 2021, em 2018, um empresário com dupla cidadania britânica e tailandesa detinha cerca de 13% da Tether. No Reino Unido, chama-se Christopher Harborne; na Tailândia, Chakrit Sakunkrit.

Esse é o único "outsider" na estrutura acionária da Tether. Não é do time fundador, nem executivo, mas detém participação igual à do conselheiro jurídico-chefe.

Há pouquíssima informação pública sobre Harborne/Sakunkrit. Registros de empresas britânicas mostram que ele atua em vários setores, de aviação a investimentos em tecnologia. Na Tailândia, sabe-se apenas que usa o nome Chakrit Sakunkrit para negócios.

Como ele obteve ações da Tether, quando investiu, qual o valor investido? Nenhuma dessas perguntas tem resposta.

Mais intrigante ainda, após 2018, esse nome desapareceu de todos os documentos e reportagens relacionados à Tether.

Na lista de bilionários cripto da Forbes de 2024, aparecem Devasini, Ardoino, Van der Velde e Hoegner, mas não Harborne.

Também não há menção a ele nas notícias de financiamento de 2025. Se ainda detiver 13% das ações, com avaliação de 500 bilhões, isso vale 65 bilhões. Se ainda for acionista, é o investidor invisível mais bem-sucedido da Tether.

Em uma empresa cheia de segredos, esse pode ser o maior de todos.

Capital de Wall Street e o Secretário de Comércio dos EUA

Instituição: Cantor Fitzgerald

Data do investimento: novembro de 2024

Participação: 5%

Valor investido: 600 milhões de dólares

Valor potencial: 25 bilhões de dólares

Em novembro de 2024, a empresa de serviços financeiros de Wall Street, Cantor Fitzgerald, comprou 5% da Tether por 600 milhões de dólares.

Pelo preço, a Tether estava avaliada em apenas 12 bilhões de dólares na época. Para comparação, a concorrente Circle tinha valor de mercado de cerca de 30 bilhões, enquanto o USDT da Tether tinha mais que o dobro do volume do USDC da Circle.

Por que tão barato? A resposta pode estar no timing e nas relações pessoais.

O personagem-chave dessa transação é Howard Lutnick, CEO da Cantor Fitzgerald. Pouco depois do investimento, em janeiro de 2025, Lutnick foi nomeado Secretário de Comércio dos EUA.

Essa linha do tempo deu um tom especial à aquisição das ações da Tether. Críticos dizem que foi uma transação "de amizade", com a Tether transferindo valor a Lutnick, prestes a entrar no governo, a uma avaliação baixa.

Outro detalhe interessante: segundo a Fortune, o filho de Lutnick, Brandon Lutnick, trabalha na Cantor e já estagiou na Tether na Suíça.

Independentemente da motivação, em termos de retorno, pode ser o negócio mais lucrativo da história da Cantor Fitzgerald. Se a Tether chegar a 500 bilhões, os 600 milhões viram 25 bilhões, retorno de mais de 40 vezes. Mesmo com avaliação de 250 bilhões, o retorno seria de 20 vezes.

A Cantor Fitzgerald, fundada em 1945, é uma das instituições financeiras mais tradicionais de Wall Street. Sua entrada é significativa para a Tether: é a primeira instituição financeira americana mainstream a tornar-se acionista da Tether. Sob pressão regulatória crescente, o valor simbólico é imenso.

Além disso, nos últimos três anos, a Cantor Fitzgerald tem sido custodiante dos títulos do Tesouro que sustentam o stablecoin da Tether, representando mais de 80% dos 132 bilhões de dólares em ativos que garantem a stablecoin.

Segundo o Wall Street Journal, a empresa ganhou dezenas de milhões em comissões por esse serviço.

O valor mais prático pode estar na rede financeira da Cantor. Um dos maiores desafios da Tether sempre foram as relações bancárias. Como instituição financeira regulada nos EUA, a entrada da Cantor pode abrir novos canais bancários para a Tether.

Por outro lado, o investimento da Cantor representa a mudança de atitude de Wall Street em relação às criptomoedas. Não apenas observando ou prestando serviços, mas tornando-se acionista e compartilhando o crescimento.

Howard Lutnick tem dupla identidade: era CEO ao investir, agora é Secretário de Comércio.

Independentemente de isso ter influenciado o preço, é certo que a Tether agora tem uma conexão indireta com o topo do governo dos EUA.

O bilionário passivo na prisão chinesa

Zhao Dong

Identidade: Acionista da Bitfinex, fundador da RenrenBit

Participação: Bitfinex <5%

Patrimônio potencial: Dezenas de bilhões de dólares, beneficiando-se indiretamente via estrutura da iFinex

Zhao Dong talvez seja o caso mais dramático da história de enriquecimento da Tether.

Em agosto de 2016, a Bitfinex foi hackeada e perdeu 120 mil bitcoins. Nessa crise, esse grande investidor chinês de bitcoin tornou-se protagonista inesperado.

Para compensar as perdas, a Bitfinex emitiu o token BFX para os usuários afetados, cada token representando 1 dólar de prejuízo. Zhao Dong era um dos prejudicados, mas não vendeu no prejuízo; aceitou a proposta de conversão de dívida em ações da Bitfinex.

Ele comprou mais tokens de outros usuários e converteu todos em ações da iFinex. Essa decisão o transformou de vítima em acionista da Bitfinex.

Em abril de 2017, a Bitfinex resgatou todos os tokens BFX, e quem optou pela conversão tornou-se acionista permanente da exchange. Com o rápido crescimento da Bitfinex e da Tether, o valor dessas ações multiplicou-se dezenas de vezes.

Segundo reportagens públicas, o CTO da Bitfinex, Paolo Ardoino, afirmou que Zhao Dong detém menos de 5% da Bitfinex.

Embora a participação seja pequena, considerando que Bitfinex e Tether pertencem à iFinex, compartilhando gestão e estrutura acionária, o valor pode ser muito maior do que aparenta.

Zhao Dong tem posição especial e sensível no círculo cripto chinês.

Foi cofundador da MoWeather, saindo com sucesso em 2012. Entrou no bitcoin em 2013, chegando a deter 10 mil bitcoins. Fundou a plataforma OTC RenrenBit, que foi uma das maiores da China.

Mais importante, foi o "porta-voz" não oficial da Tether na China.

Em janeiro de 2018, Zhao Dong postou no Weibo que, ao se encontrar com o CFO da Tether, Giancarlo, em Tóquio, viu mais de 3 bilhões de dólares em saldo bancário. Como figura conhecida no setor, sua declaração teve grande repercussão.

Em junho de 2020, tudo mudou abruptamente.

Segundo várias reportagens, Zhao Dong foi detido pela polícia, acusado de lavagem de dinheiro e operação ilegal. Em 2021, foi noticiado que ele foi condenado a vários anos de prisão. Os detalhes nunca foram divulgados, mas acredita-se que estejam ligados ao negócio OTC.

Irônico é que os anos em que Zhao Dong esteve preso coincidiram com o período mais frenético do mercado cripto.

De 2020 a 2024, o bitcoin subiu de 10 mil para mais de 70 mil dólares, e o USDT passou de 10 bilhões para 170 bilhões em circulação. Se suas ações da Bitfinex ainda existirem, seu valor pode ter multiplicado dezenas de vezes.

Se as ações de Zhao Dong na Bitfinex não foram confiscadas, via estrutura da iFinex, ele pode se beneficiar indiretamente da valorização da Tether. Mesmo com menos de 5% de participação indireta, com avaliação de 500 bilhões, isso significa dezenas de bilhões de dólares.

Mas tudo isso é suposição. Sua "posição passiva" parece ter sido escolhida pelo destino.

Por fim, se a Tether concluir o financiamento, será a maior criação de riqueza da história do setor cripto.

Menos de 10 pessoas controlam a maior parte das ações do império de stablecoins de 170 bilhões da Tether. Só Giancarlo Devasini detém 47%; os demais grandes nomes, em sua maioria, nem estão sob os holofotes do setor cripto.

Talvez esse seja o segredo da riqueza na era cripto:

Não tem a ver com descentralização, mas sim estar discretamente no centro do furacão, na hora certa.