Líderes da SEC apoiam a autocustódia de criptoativos enquanto a adoção de ETF transforma a posse de Bitcoin

A autocustódia e a privacidade financeira voltaram ao centro das discussões sobre criptoativos nos Estados Unidos após a Comissária da SEC, Hester Peirce, reafirmar esses conceitos como direitos individuais fundamentais. Seus comentários surgem em meio à incerteza regulatória, ao aumento da adoção de ETFs e ao renovado debate sobre os princípios fundadores do Bitcoin.

Hester Peirce, da SEC, chama autocustódia de direito humano básico enquanto projeto de lei cripto é adiado para 2026

Peirce, que também lidera a Crypto Task Force da SEC, afirmou no podcast The Rollup que possuir seus próprios ativos nunca deveria ser questionado em uma nação construída sobre a liberdade individual. Segundo ela, a autocustódia é um direito humano básico, e ela demonstrou incredulidade ao imaginar que os americanos deveriam depender de intermediários para proteger seus ativos. 

Ela também afirmou que a privacidade deveria ser padrão nas atividades financeiras online, e não tratada como uma escolha suspeita.

Seus comentários surgem enquanto o Digital Asset Market Structure Clarity Act enfrenta novos adiamentos. O senador Tim Scott confirmou que o projeto de lei, que aborda autocustódia, regras de AML e taxonomia de ativos, foi adiado para 2026. Scott acrescentou que o esforço mais amplo visa capacitar os americanos comuns na crescente economia digital. Ele também observou que os legisladores planejam apresentar em breve um rascunho bipartidário na esperança de entregá-lo ao presidente Trump.

Durante uma mesa redonda em junho da Crypto Task Force da SEC, o Comissário Paul Atkins expressou posição semelhante, chamando a autocustódia de um valor americano fundamental. Seus comentários reforçaram a posição de Peirce em um momento em que o comportamento do setor está mudando.

Detentores de Bitcoin migram para ETFs enquanto criações in-kind reduzem encargos fiscais

O crescente interesse em veículos de investimento em cripto está mudando a forma como detentores de Bitcoin de longo prazo gerenciam suas moedas. Muitos whales e early adopters agora estão transferindo ativos para fundos negociados em bolsa, motivados por vantagens fiscais e administração mais simples. Dr. Martin Hiesboeck, da Uphold, relatou o primeiro declínio notável em Bitcoin autocustodiado em 15 anos.

Os principais fatores que impulsionam essa mudança incluem:

• Aprovação de criações in-kind de ETFs que evitam eventos tributáveis.
• Preferência por uma gestão de ativos mais simples.
• Crescente confiança em estruturas de investimento reguladas.
• Menor disposição para manter a segurança das chaves privadas.
• Influência de investidores de alto perfil optando por ETFs.

Em julho, a SEC permitiu criações e resgates in-kind para ETFs de cripto, possibilitando que detentores troquem Bitcoin por cotas de ETF sem gerar obrigações fiscais associadas a produtos liquidados em dinheiro. Hiesboeck alertou que esse desenvolvimento afasta o setor do antigo princípio “not your keys, not your coins”.

O sentimento na comunidade Bitcoin se intensificou após PlanB, criador do modelo stock-to-flow, revelar em fevereiro que transferiu seus Bitcoins para ETFs para evitar o ônus de gerenciar chaves privadas. Sua decisão gerou fortes reações, com muitos argumentando que abrir mão da custódia contradiz o propósito do Bitcoin como um ativo autossoberano.